Promover um ambiente positivo, saudável e colaborativo é um dos grandes desafios e também uma das maiores responsabilidades da gestão de pessoas.
Isso porque o clima organizacional tem influência direta sobre o engajamento dos colaboradores, afetando a produtividade, a retenção de colaboradores e até a reputação da marca empregadora.
Quando o clima é bem cuidado, os profissionais se sentem mais seguros, valorizados e motivados a contribuir com os objetivos da empresa. Por outro lado, ambientes tóxicos ou negligenciados geram afastamentos, desmotivação e altos índices de rotatividade de funcionários.
Neste artigo, você vai entender o que é clima organizacional, como ele impacta o engajamento e quais práticas podem fortalecer esse aspecto tão estratégico para o sucesso de qualquer negócio.
O que é clima organizacional?
Clima organizacional é a forma como os colaboradores percebem, sentem e interpretam o ambiente de trabalho em que estão inseridos. Essa percepção envolve fatores como relacionamentos, estrutura, cultura, reconhecimento, segurança, processos e oportunidades de desenvolvimento.
É diferente da cultura organizacional, que está relacionada aos valores e normas da empresa. O clima, por sua vez, é a experiência vivida no dia a dia, ou seja, como esses valores são percebidos na prática por quem trabalha na organização.
Fatores que influenciam o clima organizacional
Diversos elementos compõem e moldam o clima organizacional. A imagem a seguir ilustra os principais fatores que afetam a percepção dos colaboradores:
Entre os fatores mais relevantes, destacam-se:
- Um ambiente de trabalho com segurança e autonomia, sem microgerenciamentos;
- A forma como líderes e colegas se relacionam no cotidiano;
- O nível de apoio dos gestores, tanto no aspecto técnico quanto emocional;
- A clareza de metas e objetivos por área;
- A transparência nos processos de trabalho e reconhecimento de entregas;
- A percepção de oportunidades reais de crescimento e evolução na carreira;
- A estrutura tecnológica e de processos que facilita (ou atrapalha) o trabalho;
- A consistência entre discurso e prática da alta liderança.
Pirâmide de Maslow e a relação com o clima organizacional
A teoria das necessidades humanas, proposta por Abraham H. Maslow, é um modelo clássico da psicologia que continua sendo amplamente utilizado no ambiente corporativo para compreender a motivação dos colaboradores. Segundo Maslow, as necessidades humanas se organizam em uma hierarquia em forma de pirâmide e só quando uma camada é atendida é que o indivíduo passa a buscar a próxima.
Adaptar esse modelo ao clima organizacional permite que o RH desenvolva estratégias mais assertivas de engajamento, bem-estar e desenvolvimento. Abaixo, veja como cada nível da pirâmide se manifesta no ambiente de trabalho:
Necessidades fisiológicas: o mínimo para trabalhar bem
Na base da pirâmide, estão as necessidades básicas para a sobrevivência física. No contexto corporativo, isso significa oferecer condições dignas e minimamente adequadas de trabalho, como:
- Espaço físico confortável e seguro;
- Acesso a água, alimentação e pausas durante o expediente;
- Jornada de trabalho adequada (sem sobrecarga ou jornadas excessivas).
Sem esses aspectos resolvidos, o colaborador dificilmente terá disposição para se engajar ou colaborar ativamente com o time.
Necessidades de segurança: estabilidade e previsibilidade
Após supridas as necessidades fisiológicas, os profissionais buscam segurança e estabilidade. No ambiente organizacional, isso inclui:
- Contrato de trabalho claro e estável;
- Remuneração justa e previsível;
- Benefícios corporativos (como plano de saúde, vale-refeição etc.);
- Políticas internas bem definidas;
- Ambiente físico e emocionalmente seguro.
Necessidades sociais: pertencer faz a diferença
Nesta etapa, entra em cena a necessidade de conexão, pertencimento e relacionamentos positivos.
- Boa relação com colegas e líderes;
- Cultura organizacional acolhedora e inclusiva;
- Espaços para convivência e troca (eventos, times interdisciplinares);
- Incentivo à colaboração e não à competição destrutiva.
Um clima organizacional saudável proporciona laços sociais fortes e uma cultura que valorize o coletivo. Sentir-se parte de algo maior é essencial para o engajamento. Quando há insegurança sobre o futuro, mudanças abruptas sem comunicação ou falta de transparência, o clima organizacional tende a se deteriorar.
Necessidades de estima: reconhecimento e valorização
Aqui, o foco está no sentimento de valor pessoal como o colaborador se enxerga e como ele é reconhecido pelas pessoas ao seu redor
- Feedbacks constantes e construtivos;
- Reconhecimento por boas entregas;
- Promoções e oportunidades de crescimento;
- Avaliações de desempenho justas e transparentes.
A falta de reconhecimento afeta diretamente a autoestima do colaborador e, por consequência, o clima organizacional.
Autorrealização: propósito e evolução contínua
No topo da pirâmide está a busca por propósito e realização pessoal e profissional. O colaborador deseja fazer diferença, evoluir e se sentir plenamente realizado com o que faz.
- Participação em decisões e projetos estratégico;
- Autonomia para propor e executar ideias;
- Planos de desenvolvimento individual (PDI);
- Conexão com o propósito da empresa.
Quando os colaboradores percebem que estão em um ambiente que valoriza suas ideias, aposta em seu crescimento e os desafia positivamente, o clima tende a ser altamente engajador.
Como o clima organizacional influencia o engajamento nas empresas?
Se as necessidades humanas influenciam diretamente o comportamento dos profissionais, é o clima organizacional que determina o quanto esse ambiente está ou não preparado para atendê-las. Na prática, um bom clima organizacional gera efeitos em cadeia que se refletem em diversas frentes da gestão de pessoas:
- Direciona comportamentos valorizados ou desestimulados no ambiente de trabalho;
- Constrói a percepção de valor da empresa entre os colaboradores;
- Fortalece a atuação e a influência das lideranças;
- Aumenta o engajamento e a contribuição dos profissionais.
Além disso, é importante entender que o clima é dinâmico, ou seja, ele muda com o tempo, os contextos e as expectativas das pessoas. O que era suficiente para manter a equipe motivada há seis meses pode já não surtir o mesmo efeito hoje. E isso não significa que há algo errado, mas sim que as necessidades humanas evoluem. Por isso, monitorar o clima organizacional de forma contínua não é apenas recomendável, mas sim indispensável.
Como monitorar o clima organizacional?
Para melhorar o clima organizacional, o primeiro passo é monitorá-lo com frequência e por diferentes perspectivas. Abaixo, reunimos as principais ferramentas e práticas utilizadas pelas empresas para manter esse acompanhamento ativo:
- Pesquisas e questionários internos;
- Feedbacks e sessões de one-on-one;
- Entrevistas e grupos focais:
- Observação comportamental;
- Indicadores e métricas de RH;
- Pesquisas de desligamento;
- Pesquisas de diversidade;
- Benchmarks e certificações externas.
Entre todas essas estratégias, a pesquisa de clima organizacional segue sendo a ferramenta mais abrangente e eficaz para diagnosticar o ambiente interno e embasar ações reais de melhoria.
Como fazer uma pesquisa de clima organizacional: guia prático por etapas
A pesquisa de clima organizacional é uma das ferramentas mais estratégicas para o RH entender como os colaboradores percebem o ambiente de trabalho. Mas para que ela gere insights relevantes, é preciso aplicar a metodologia com clareza de objetivos, critérios bem definidos e comunicação transparente. A seguir, confira o passo a passo completo para aplicar a pesquisa com eficiência e transformar dados em ação.
1. Escolha o modelo de pesquisa mais adequado
Antes de elaborar o questionário, é importante entender qual modelo de análise mais se conecta com a realidade da empresa. Entre os principais, destacam-se:
Esses modelos ajudam a direcionar o foco da pesquisa e selecionar os temas e indicadores mais estratégicos para o seu contexto.
2. Defina os objetivos da pesquisa
O primeiro passo é ter clareza sobre o que se pretende avaliar: o engajamento do time? A percepção sobre a liderança? O alinhamento à cultura organizacional? Saber isso desde o início é essencial para desenhar as perguntas corretas e interpretar os resultados com precisão.
3. Escolha os temas e indicadores
Com os objetivos definidos, selecione os temas centrais que a pesquisa abordará. Os mais comuns são:
- Comunicação interna;
- Relação com lideranças;
- Reconhecimento e valorização;
- Carga de trabalho e equilíbrio;
- Oportunidades de crescimento;
- Condições do ambiente;
- Senso de pertencimento.
A partir desses temas, defina os indicadores que serão analisados, como satisfação, segurança psicológica e alinhamento cultural.
4. Elabore perguntas claras e objetivas
Use afirmativas curtas e diretas, com escalas de resposta que facilitem a análise (ex: de 1 a 5 ou “discordo totalmente” a “concordo totalmente”). Exemplo: “Sinto que minha liderança valoriza meu trabalho”. Inclua perguntas abertas no final do questionário, para capturar percepções espontâneas, críticas e sugestões.
5. Garanta o anonimato e a proteção de dados
A credibilidade da pesquisa depende da confiança. Use plataformas seguras e informe com clareza que as respostas são anônimas e os dados serão usados apenas para fins de melhoria interna.
6. Faça uma comunicação interna transparente
Avise com antecedência sobre a pesquisa em canais de comunicação interna, como rede social corporativa ou intranet corporativa . Explique seu propósito, o tempo necessário para resposta e os impactos positivos que ela pode gerar. A clareza aumenta a taxa de adesão e o envolvimento dos colaboradores.
7. Analise os dados com profundidade
Depois de coletar as respostas, vá além das médias. Analise variações por time, área, tempo de casa e histórico da empresa. Cruze os dados com indicadores de RH como turnover, absenteísmo e desempenho. Isso traz insights estratégicos.
8. Compartilhe os resultados com clareza
Evite um erro comum: aplicar a pesquisa e não retornar com os dados. Divulgue os resultados para os colaboradores (de forma consolidada) e para as lideranças (de forma segmentada). Essa transparência fortalece a confiança.
9. Construa planos de ação com os times
Monte um plano claro e factível, priorizando os pontos críticos. Sempre que possível, envolva lideranças e colaboradores no desenho das soluções. O engajamento tende a crescer quando as pessoas se sentem parte da mudança.
10. Reavalie e monitore continuamente
Clima organizacional não se gerencia com ações pontuais. Reavalie os mesmos temas periodicamente (ex: a cada 6 ou 12 meses), monitore os avanços e ajuste o plano com base nos aprendizados. Clima é movimento, não um retrato fixo.
Clima organizacional no trabalho remoto: como manter o engajamento mesmo à distância
Com a expansão do trabalho remoto, o desafio de manter um clima organizacional saudável ganhou novas dimensões. A ausência de interações presenciais pode dificultar a percepção de bem-estar, o senso de pertencimento e até o alinhamento com os valores da empresa aspectos essenciais para o engajamento e a produtividade dos times. Por isso, monitorar o clima organizacional na gestão de equipes remotas exige atenção redobrada e práticas específicas:
Comunicação constante
Fortaleça os canais de comunicação com rotinas claras, reuniões frequentes e ferramentas que facilitem o alinhamento e a troca diária entre equipes e lideranças. Lembre-se de que, no trabalho remoto, o colaborador não “esbarra” com colegas ou líderes no dia a dia, por isso, a comunicação precisa ser intencional e bem estruturada.
Suporte emocional
Ofereça suporte emocional e psicológico, com canais de escuta e acesso a programas de bem-estar, saúde mental e apoio individual. O distanciamento físico pode ampliar sentimentos de solidão ou exaustão e entender a realidade do colaborador remoto é o primeiro passo para acolher de verdade.
Conexão informal
Estimule momentos de conexão informal, como cafés virtuais, dinâmicas de integração e espaços para conversas leves, fortalecendo a cultura mesmo fora do escritório. Colaboradores remotos também precisam de vínculos sociais, e criar esses espaços de forma planejada faz toda a diferença.
Clima organizacional e NR-1: o que diz a norma e como o RH deve agir
A Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), revisada recentemente, ampliou a responsabilidade das empresas sobre os chamados riscos psicossociais, entre eles, aspectos diretamente ligados ao clima organizacional, como estresse, sobrecarga, assédio moral, isolamento e conflitos interpessoais.
Na prática, isso significa que o clima da empresa deixou de ser apenas uma questão de engajamento ou cultura: passou a ser também uma questão legal e de saúde ocupacional.
Neste cenário, cabe ao RH, em conjunto com a área de SST (Saúde e Segurança do Trabalho), atuar de forma preventiva, monitorando o ambiente de trabalho, propondo melhorias e adotando medidas que promovam a segurança emocional, a escuta ativa e o bem-estar psicológico das equipes.
Ferramentas como pesquisas de clima organizacional, programas de saúde mental, apoio psicológico, canais de denúncia e boas práticas de gestão humanizada passam a ser ações estratégicas de conformidade com a NR-1.
Ações práticas para melhorar o clima e engajamento
Para profissionais de gestão de pessoas e líderes, manter um clima organizacional positivo é uma construção diária. O engajamento nasce do esforço conjunto entre RH, lideranças e equipes e se reflete diretamente na motivação, produtividade e permanência dos colaboradores. A seguir, listamos ações práticas que podem ser priorizadas para impulsionar um clima mais saudável e engajador na sua empresa:
Oriente e capacite sua equipe de líderes
Um clima organizacional positivo começa pela liderança. São os líderes que traduzem os valores da empresa em atitudes diárias, promovem o alinhamento e influenciam diretamente o comportamento das equipes. Oriente seus líderes para reconhecerem o tipo de clima mais adequado para cada contexto:
- Um clima orientado por regras, por exemplo, tende a funcionar melhor em áreas como jurídico e financeiro;
- Já um clima mais voltado a resultados pode ser ideal para times comerciais;
- E nas áreas de atendimento ou suporte, o foco nas pessoas pode ser mais estratégico.
Além disso, invista no desenvolvimento de competências como escuta ativa, empatia e comunicação não violenta essenciais para a gestão de clima.
Reavalie o ambiente de trabalho
O espaço físico (ou digital) influencia diretamente o bem-estar e a produtividade das pessoas. Ambientes sobrecarregados, sem ergonomia ou pouco estimulantes afetam o humor e o desempenho das equipes. Avalie se o seu ambiente:
- Estimula a criatividade e a colaboração;
- Oferece recursos adequados ao trabalho;
- Permite equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
A oferta de jornadas flexíveis, modelos híbridos ou políticas de desconexão fora do expediente são exemplos de iniciativas que promovem um clima mais equilibrado.
Reforce a autonomia e o reconhecimento das pessoas
Colaboradores mais autônomos, com clareza sobre como suas atividades impactam o negócio, se sentem mais engajados e motivados. Dar liberdade com responsabilidade, junto de objetivos claros, fortalece o senso de pertencimento e propósito.
Além disso, o reconhecimento deve fazer parte da rotina. Prêmios, feedbacks, remuneração variável, agradecimentos públicos, oportunidades de crescimento. Cada cultura valoriza de um jeito. Use a pesquisa de clima para identificar qual abordagem gera mais valor para o seu time.
Promova um ambiente inclusivo, seguro e colaborativo
Um bom clima depende diretamente da percepção de segurança psicológica e pertencimento. Isso se constrói com respeito, abertura ao diálogo, diversidade real e espaço para que todos possam contribuir com suas ideias.
Líderes são os grandes facilitadores desse ambiente. Incentive-os a promover dinâmicas de equipe, ações de inclusão, canais de escuta ativa e um ambiente em que todos se sintam seguros para inovar, sugerir e errar, com acolhimento e aprendizado.
Use a tecnologia para monitorar e melhorar o clima organizacional
A gestão do clima não pode se basear apenas na intuição. Para tomar decisões eficazes, o RH precisa de dados, indicadores e ferramentas que tragam visibilidade sobre a experiência dos colaboradores. Com o HCM da Senior, sua empresa pode:
- Aplicar pesquisas de clima organizacional com recorrência e inteligência;
- Monitorar indicadores como engajamento, absenteísmo e desempenho em tempo real;
- Integrar dados de diferentes sistemas, como desempenho, feedbacks e remuneração, para ter uma visão completa do colaborador;
- Automatizar planos de ação, garantindo acompanhamento e evolução contínua.
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