A reforma tributária brasileira trouxe uma novidade que promete transformar a forma como os impostos são pagos nas transações comerciais.
O split payment automatiza o repasse dos tributos no momento da venda, dividindo automaticamente o valor pago entre o fornecedor e o governo, sem que a empresa precise fazer esse cálculo e recolhimento depois.
Com isso, o processo fica mais simples, transparente e seguro, eliminando a cobrança em cascata de impostos e facilitando a gestão fiscal para todos os envolvidos. Para as empresas, esse sistema representa um novo jeito de lidar com tributos, que exige adaptação tecnológica e mudanças no fluxo financeiro.
Nas próximas seções, você vai entender como o split payment funciona na prática, seus impactos e como se preparar para essa mudança.
O que é split payment?
O split payment, ou “pagamento dividido”, é um modelo financeiro em que o valor de uma transação é automaticamente repartido entre os envolvidos no momento do pagamento, incluindo o fornecedor e os órgãos arrecadadores de tributos, como a Receita Federal e os fiscos estaduais e municipais.
Esse mecanismo ganhou destaque no Brasil com a reforma tributária, sendo considerado uma das principais apostas para reduzir a evasão fiscal e trazer mais automação para o recolhimento de impostos.
Na prática, funciona assim: imagine uma venda de R$ 500, com 20% de carga tributária. Com o split payment, R$ 400 seriam transferidos ao fornecedor e R$ 100 seriam automaticamente destinados ao governo, sem que a empresa precise fazer esse repasse depois. Tudo ocorre em tempo real, no momento da transação.
O principal objetivo do split payment é aumentar a transparência, segurança e previsibilidade tributária, reduzindo riscos de sonegação, inadimplência e fraudes fiscais. Além disso, ele diminui a complexidade do pagamento de impostos ao eliminar etapas manuais.
Esse modelo já é adotado em países como Itália, Reino Unido e Polônia, especialmente em setores com alto risco fiscal. No Brasil, o split payment será integrado a tecnologias como PIX, NF-e e ERPs para viabilizar o controle automatizado dos tributos — alinhando compliance, gestão tributária e transformação digital.
Qual é a relação do split payment com a reforma tributária?
A proposta de adoção do split payment no Brasil está diretamente ligada à reforma tributária, aprovada em 2023 e regulamentada pelo PLP 68/2024.
Essa mudança estrutural no sistema de arrecadação prevê a substituição de cinco tributos atuais por dois novos impostos: a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), de competência federal, e o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), gerenciado por estados e municípios, formando o chamado IVA dual.
Nesse novo modelo, o split payment será a ferramenta tecnológica que viabiliza o recolhimento automático desses tributos. Em vez de a empresa calcular e pagar os impostos em um momento posterior, o próprio sistema de pagamento dividirá o valor da transação no ato da compra, destinando a parcela correspondente diretamente aos cofres públicos.
O principal objetivo é evitar atrasos e fraudes no repasse de tributos, ao mesmo tempo em que se simplifica a apuração fiscal e se reduz a carga burocrática sobre as empresas.
A previsão é de que o modelo entre em fase de testes em 2026, com obrigatoriedade escalonada entre 2027 e 2033, conforme definido no cronograma da reforma.
Como funciona o split payment na prática?
Na prática, o split payment funciona como um sistema de divisão automática do valor pago em uma transação comercial. Quando o cliente realiza uma compra — seja em um e-commerce, aplicativo ou loja física — o valor total é imediatamente separado em duas ou mais partes no momento do pagamento.
Uma parte vai direto para o fornecedor do produto ou serviço, enquanto outra é enviada automaticamente aos entes públicos responsáveis pela arrecadação tributária, como a Receita Federal (CBS) e o comitê gestor do IBS, que representa os estados e municípios.
Essa divisão acontece com base nas alíquotas já parametrizadas no sistema, de acordo com a natureza da operação e a legislação vigente. Retomando o exemplo citado acima, em uma venda de R$ 500 com 20% de carga tributária, o sistema já divide automaticamente o valor: R$ 400 vão para o fornecedor e R$ 100 são recolhidos pelos órgãos públicos no ato da transação.
Isso elimina a etapa manual de cálculo e pagamento dos tributos, tornando o processo instantâneo, rastreável e automatizado. Toda a operação ocorre por meio de sistemas integrados entre empresas, instituições financeiras, ERPs e o Fisco.
Para que o split payment funcione corretamente, será fundamental que ERPs, gateways de pagamento e bancos estejam preparados tecnicamente para realizar essa divisão automática. Essa integração será o pilar da nova lógica tributária do país, garantindo conformidade fiscal desde o primeiro momento da transação.
Quais os impactos do split payment para as empresas?
A adoção do split payment deve impactar diretamente a gestão fiscal, o fluxo de caixa e a estrutura tecnológica das empresas brasileiras. Apesar de trazer avanços importantes em conformidade tributária, o modelo também exige mudanças operacionais relevantes.
Confira os principais impactos do split payment na rotina das empresas:
Redução do risco fiscal e de autuações
Com o recolhimento automático de tributos no momento da transação, diminui-se drasticamente a chance de erros no cálculo de impostos, atrasos nos pagamentos e autuações por descumprimento de obrigações fiscais. A conformidade passa a ser garantida por padrão, com mais rastreabilidade e segurança jurídica.
Necessidade de adequação tecnológica
Para operar dentro desse novo modelo, será essencial que os sistemas de gestão (ERPs) e os meios de pagamento estejam integrados e aptos a processar a divisão automática dos valores. Isso pode exigir investimentos em tecnologia, integração com o Fisco e capacitação das equipes de TI e fiscal.
Redução da burocracia tributária
A automação do recolhimento tende a eliminar processos manuais de apuração e emissão de guias, aumentando a eficiência operacional e liberando tempo das equipes para tarefas mais estratégicas. A gestão tributária se torna mais simples, padronizada e automatizada.
Impactos no fluxo de caixa e capital de giro
Como os tributos são retidos automaticamente no ato da venda, a empresa não receberá o valor bruto da transação. O que demanda um novo olhar sobre o planejamento financeiro e o capital de giro, com mais atenção à entrada líquida de recursos. Em contrapartida, a previsibilidade aumenta.
Conformidade fiscal automatizada e mais transparência
O modelo favorece a transparência fiscal, tanto para as empresas quanto para os órgãos de controle. Facilitando as auditorias, melhorando a reputação no mercado e aumentando a confiança em processos internos e externos.
Quais setores devem se beneficiar mais?
Apesar de o split payment ser aplicável a todas as empresas, ele tende a trazer mais eficiência para setores com alta complexidade operacional, como:
- Marketplaces e e-commerces, que lidam com múltiplos fornecedores em uma mesma venda;
- Indústrias B2B, com grandes volumes de compras e transações interempresariais;
- Serviços financeiros e plataformas SaaS, que precisam de controle rigoroso sobre os tributos incidentes.
Aproveitando o exemplo anterior, imagine um consumidor que finaliza uma compra com produtos de cinco fornecedores diferentes em um marketplace. Ele realiza um único pagamento, e o sistema automaticamente divide o valor, destinando parte ao marketplace, parte a cada fornecedor e, agora, também aos órgãos públicos — sem que ninguém precise calcular ou emitir guias manuais.
Ou seja, o split payment leva uma lógica já conhecida no setor privado para dentro da arrecadação tributária, criando um novo padrão de operação fiscal no país.
Split payment vai substituir o pagamento manual de impostos?
Sim, o split payment deve substituir o pagamento manual de impostos em grande parte das transações. Com sua implementação prevista na reforma tributária brasileira, o recolhimento de tributos passará a ocorrer de forma automática, integrada e em tempo real, no exato momento da venda.
Esse modelo elimina etapas como:
- Cálculo manual de tributos;
- Emissão de guias (DAS, GNRE, DARF, etc.);
- Agendamento de pagamentos posteriores;
- Erros ou atrasos no recolhimento.
Na prática, o sistema da empresa — já integrado ao ERP, banco e Fisco — fará a divisão automática do valor da venda, repassando diretamente aos órgãos públicos a parte correspondente ao CBS e IBS, os novos tributos que compõem o IVA dual.
Exemplo: numa venda de R$ 800 com 25% de carga tributária, o sistema pode destinar R$ 600 ao fornecedor e R$ 200 aos entes arrecadadores — sem necessidade de ações manuais.
Mas vale o alerta:
- A mudança será gradual, acompanhando a regulamentação e a adaptação tecnológica das empresas;
- O modelo vale principalmente para os tributos substituídos pelo IVA (CBS e IBS);
- Outros impostos, como IRPJ, CSLL ou contribuições específicas, podem continuar sendo pagos manualmente por um tempo.
Ou seja, o split payment não elimina toda a complexidade tributária imediatamente, mas é um avanço claro rumo à automação fiscal, redução da burocracia e conformidade tributária em tempo real.
Como implementar o split payment em um ERP?
Com a chegada do split payment, o ERP passa a ser uma peça-chave para automatizar o recolhimento de tributos e garantir conformidade com o novo modelo fiscal. Em vez de depender de processos manuais, as empresas poderão contar com o sistema de gestão para fazer todo o controle em tempo real, no momento da transação.
Na prática, um ERP preparado para o split payment vai permitir que, ao registrar uma venda, o sistema já identifique a alíquota aplicável, calcule o valor dos tributos e acione automaticamente a divisão do pagamento, sem etapas manuais, sem geração de guias e sem risco de erro.
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Além disso, o ERP será responsável por:
- Parametrizar as regras fiscais, com base no tipo de operação, localização do cliente, natureza da mercadoria e regime tributário;
- Integrar com os meios de pagamento, para que a divisão ocorra de forma instantânea no checkout;
- Emitir registros e comprovantes eletrônicos da operação, garantindo rastreabilidade para a empresa e para os órgãos arrecadadores;
- Manter-se atualizado conforme a regulamentação evolui, aplicando novas regras e mudanças sem impacto na operação.
Ou seja, com um ERP robusto e integrado, a empresa transforma uma obrigação complexa em um processo simples, automático e seguro — exatamente como propõe a reforma tributária.
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