“Tecnologia é uma habilidade para resolver problemas”
Vice-presidente da Intel destaca tendências que vão consolidar a Inteligência Artificial no planeta
De acordo com Margaret Burgraff, a convergência do acesso a uma enorme quantidade de dados, somada a melhores hardwares e algoritmos mais espertos, é o que defino o momento atual como o mais adequado para a consolidação da inteligência artificial.
De que forma o aprendizado das máquinas pode ajudar a combater problemas essencialmente humanos, como a cura de doenças e a falta de saneamento básico nas megacidades do planeta? Para Margaret Burgraff, vice-presidente de Business Development da Intel global, a resposta está na forma como os humanos podem “ensinar” aparelhos e dispositivos que a cada ano ampliam sua capacidade de armazenamento de dados e processamento. “A Inteligência Artificial se tornou o novo consenso. E isso se deve a três fatores: o aumento exponencial dos dados gerados, hardwares melhores e o desenvolvimento de algoritmos mais inteligentes”, destacou Margaret, que veio a Florianópolis participar do Vertical Meeting, evento mensal promovido pela Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (ACATE) e que reuniu mais de 400 participantes no início de maio no Centro de Inovação ACATE Primavera.
Margaret, que nasceu na Irlanda e se formou em Ciências da Computação, iniciou a carreira na Apple, em 1994, onde trabalhou por 15 anos. Após um período de dois anos e meio na Palm+HP, foi para a Intel em 2011 como vice-presidente de Qualidade e Certificação. Na companhia, foi também VP na área de Engenharia e hoje atua no desenvolvimento global de negócios. Ela lembra que, há 50 anos, a Intel descobriu o poder dos transistores e que é preciso levar isso adiante, seguindo a linha evolutiva que passou dos mainframes aos PCs, notebooks, tablets, smartphones e, num futuro próximo, até mesmo computadores em pílulas.
Mas quais são as tendências globais que fazem a inteligência artificial ser uma oportunidade para resolver problemas de uma comunidade de mais de 7 bilhões de pessoas?
1. Uma das mais notórias é a crescente urbanização do planeta, que contava em 1984 com apenas 9 megacidades – hoje são 36, a maioria absoluta na Ásia. “Isso traz um desafio de infraestrutura, alimentação e saneamento.”
2. Outra tendência é a da hiper globalização: “a internet derrubou todos os muros, você pode atrair gente de qualquer lugar e vender para todo o mundo. Em dois anos, teremos mais desenvolvedores na Índia do que nos Estados Unidos – não há barreiras”, ressalta Margaret.
3. Além disso, há o acelerado ritmo das inovações – um dos fatores mais críticos no cenário atual de tecnologia. O desenvolvimento da Internet das Coisas, nos últimos anos, levou a empresa a investir muito em novas soluções para atender à demanda por um massivo volume de dados (programação, inteligência artificial, redes 5G e até mesmo plataformas de vídeo para reconhecimento de imagens e geração de informações para as máquinas). Para Margaret, “machine learning não é novidade. A tendência hoje é a do “deep learning”, que demanda também o uso de redes neurais”.
4. Como resultado, Margaret acredita que a evolução do big data, da IoT e da Inteligência Artificial vai permitir a nós, humanos, diagnosticar doenças antes delas se manifestarem, reduzir fraudes, prevenir crimes, explorar as profundezas do mar e do espaço, decodificar o cérebro, gerar cada vez mais informações para tomada de diversas decisões, entre outros benefícios.
“A tecnologia é uma habilidade para resolver problemas”, resume.
De acordo com a executiva, é a paixão por criar coisas novas que vai mudar o mundo. “A vida é curta. Você precisa ser apaixonado pelo que você está fazendo em todas as esferas da sua vida. Caso contrário, faça outra coisa”, incentiva.
Em busca de uma cultura de inovação nos centros urbanos
A vice-presidente mundial de Business Development da Intel, Margaret Burgraff, e uma comitiva da multinacional norte-americana estiveram em Florianópolis/SC no início de maio deste ano, na sede da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (ACATE), para conhecer em detalhes alguns dos mais recentes projetos relacionados a TI e apoio à inovação que estão em desenvolvimento na Capital.
A comitiva, composta também pelo diretor de Software Partnership, Satish Sammanna, e representantes da equipe da Intel no Brasil, conheceu o Sistema Municipal de Inovação, regulamentado no início do ano pela Prefeitura de Florianópolis. Em conversa com Daniel Leipnitz, presidente da ACATE, Juliano Pires, novo secretário de Turismo, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, e Marcus Rocha, secretário adjunto da pasta, o staff da Intel conheceu os mecanismos para investir no Fundo Municipal de Inovação e entendeu as principais demandas do setor de tecnologia na cidade.
Em seguida, a comitiva foi recepcionada pelo diretor da Vertical Conectividade da ACATE, Diego Ramos, e pela manager do projeto Cidades Inteligentes, Thaís Nahas, que apresentou o potencial de Florianópolis se desenvolver como uma smart city a partir do uso de tecnologias desenvolvidas por empresas locais. O projeto, liderado pela Vertical Conectividade, está iniciando um piloto e busca grandes players globais para apoio e desenvolvimento – não só para a Capital mas para outras cidades catarinenses.