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Entrevista: Educação se faz a várias mãos

05/09/2012 Categorias: Notícias

Lugar comum em diversos segmentos é afirmar que falta mão de obra qualificada para atender o desenvolvimento da economia. Embora seja uma realidade comprovada, o que está sendo feito para mudar esse cenário? Segundo Jerri Ribeiro, sócio da PwC, network que presta serviços em auditoria, consultoria tributária e de negócios em 158 países, as ações devem ser conjuntas, alinhando instituições de ensino, empresas e governo. Além disso, precisam pensar em curto, médio e longo prazo, ou o problema não terá solução.

Crédito: Daniel Derevecki

Crédito: Daniel Derevecki

Jerri RibeiroEm curto prazo, em um intervalo de até um ano, pouco se pode fazer de fato. Em médio prazo existem algumas ações interessantes por parte de governos, empresas e instituições de ensino. Porém, é preciso pensar em longo prazo, pois mesmo estas ações mais próximas não terão o efeito desejado para eliminar o déficit de mão de obra de qualidade. Como frisei, são ações interessantes, mas ainda insuficientes. De acordo com a nossa 15ª Pesquisa Global CEO Survey, realizada todos os anos pela PwC, 77% dos CEOs pretendem expandir operações na América do Sul aumentando ainda mais a possibilidade de um colapso de talentos. Ou seja, o Brasil, em particular, é um destino de investimentos e, segundo nossa perspectiva, até 2020 continuaremos com carência de talentos em áreas específicas, como a de TIC. Para longo prazo, é preciso criar mecanismos de governo que incentivem empresas a criarem programas de estudo. Também é necessário aumento do número de vagas para ensino técnico e para formação de engenheiros em todas as áreas.

A Melhor Escolha – As instituições de ensino, governo e empresas estão fazendo sua parte?

Jerri Ribeiro – As empresas viviam um cenário de extrema volatilidade até 15 anos atrás. Portanto, culpá-las por não investir em qualificação profissional é desconhecer uma realidade com a qual convivemos, sem muitos problemas, até muito pouco antes da globalização de mercados e do, digamos assim, novo mundo onde os BRICs tem real poder econômico. Avalio que instituições de ensino e governos demoraram um pouco a perceber a mudança de paradigma da economia e os novos desafios. Algumas instituições até hoje insistem em não enxergar este novo mundo. Vejo que é necessário repensar o que queremos ser como País. Chamo a atenção para os Estados Unidos. Certamente, já não são mais uma economia industrial, com boa parte de seu parque fabril desmontado e transferido para a China. Porém, são, atualmente, um exemplo de economia do conhecimento, com novos polos despontando em diversos outros pontos. Além, claro, dos já famosos Vale do Silício e da região de Boston com seu MIT. É isto que é preciso definir para darmos o salto qualitativo.

A Melhor Escolha – Até que ponto a carga tributária freia o desenvolvimento das empresas e dos mercados?

Jerri Ribeiro – É fato que o Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo. O problema é que ela não vem sozinha. Temos alta carga tributária, alto custo trabalhista, problemas logísticos, excesso de burocracia e falta de mão de obra qualificada. Ou seja, temos um cenário bem difícil para praticar o empreendedorismo. Claro que isto retrai investimentos ou os exporta para outros países. Mas, nem tudo é notícia ruim. Temos bons exemplos, boas empresas e conseguimos ser competitivos em diversas áreas. No setor de TI temos excelência na América Latina e alguns players já estão com estruturas no exterior para continuarem sendo competitivos globalmente.

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