O Brasil vive uma verdadeira revolução no setor financeiro, tornando-se uma referência global em inovação e digitalização. O Banco Central tem implementado mudanças que estão transformando, de forma gradual, a nossa relação com o dinheiro e os serviços financeiros.
Um dos marcos dessa transformação foi a chegada do Pix, sistema de pagamentos instantâneos que, até junho de 2024, já contava com mais de 765 milhões de chaves registradas — mais de três para cada brasileiro — movimentando quase R$ 2,2 trilhões. A gratuidade e a facilidade de uso do Pix impulsionaram a bancarização no país, que saltou de 57% para mais de 80% em apenas seis anos.
Seguindo esse caminho, outra inovação que tem ganhado força é o Open Banking. Essa iniciativa abriu portas para a integração segura de dados financeiros entre instituições, trazendo mais competitividade e personalização. Já se discute também o conceito de Open Finance, que amplia ainda mais esse ecossistema.
Neste conteúdo, entenda os princípios do Open Banking e sua importância dentro dessa transformação que está moldando o futuro dos serviços financeiros no Brasil.
O que é Open Banking?
O Open Banking, ou sistema financeiro aberto, é uma iniciativa que permite o compartilhamento padronizado e seguro de dados financeiros entre instituições autorizadas, mediante o consentimento do cliente. No Brasil, essa estrutura foi regulamentada pelo Banco Central para promover maior concorrência, inovação e transparência no setor financeiro.
Com o Open Banking, os consumidores têm mais controle sobre suas informações e podem acessar serviços personalizados de diferentes instituições, mesmo sem serem clientes diretos delas.
A regulamentação estabelece que o compartilhamento de dados só ocorre com o consentimento explícito do cliente, e as instituições devem seguir padrões rigorosos de segurança cibernética estabelecidos pelo Banco Central.
Esse avanço também é a base para a evolução do chamado Invisible Banking, uma tendência que visa integrar serviços financeiros diretamente em outras plataformas do dia a dia — como apps de compras, redes sociais, serviços de mobilidade e até mesmo ERPs (sistemas de gestão empresarial) — de forma quase imperceptível para o usuário.
Como funciona o Open Banking?
O funcionamento do Open Banking baseia-se em APIs (Interfaces de Programação de Aplicações), que permitem a integração entre os sistemas das instituições participantes. O processo ocorre da seguinte forma:
- Consentimento: O cliente autoriza o compartilhamento de seus dados com uma instituição específica.
- Autenticação: O cliente é redirecionado para o ambiente da instituição de origem para confirmar sua identidade.
- Compartilhamento: Os dados são transferidos de forma segura para a instituição autorizada.
- Utilização: A instituição receptora utiliza as informações para oferecer serviços personalizados ao cliente.
Todo esse processo respeita rigorosamente as normas legais brasileiras, como a Lei Complementar nº 105/2001, que trata do sigilo bancário, e a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/2018), garantindo transparência, segurança e o direito à privacidade do consumidor.
Exemplos práticos de aplicação do Open Banking para empresas
O Open Banking não é só uma mudança técnica no sistema financeiro: ele abre portas para soluções reais que ajudam empresas a ganhar agilidade, reduzir custos e melhorar a gestão financeira.
Veja como isso funciona na prática:
1. Acesso facilitado a crédito personalizado
Com o compartilhamento seguro dos dados financeiros, as instituições podem analisar o perfil real de cada empresa e oferecer linhas de crédito mais adequadas, com condições personalizadas e aprovadas mais rapidamente.
2. Antecipação de recebíveis integrada ao ERP
Sistemas de gestão podem ser integrados às plataformas financeiras para antecipar recebíveis automaticamente, usando os dados de vendas e fluxo de caixa compartilhados via Open Banking, sem necessidade de processos manuais complexos.
3. Pagamentos e cobranças automatizados
O Open Banking permite que as empresas façam e recebam pagamentos instantâneos via Pix diretamente em seus ERPs, simplificando o controle financeiro e reduzindo erros causados por processos manuais.
4. Conciliação bancária automática
Com acesso direto às informações bancárias, a conciliação de pagamentos, depósitos e transferências é feita de forma automática e em tempo real, melhorando a precisão e economizando tempo da equipe financeira.
5. Gestão financeira integrada e em tempo real
Ao conectar dados de diferentes bancos e instituições em um único sistema, as empresas conseguem ter uma visão completa do seu fluxo de caixa, ajudando na tomada de decisões estratégicas rápidas e seguras.
Como o Open Banking está descentralizando o sistema bancário no Brasil?
Uma das transformações mais relevantes impulsionadas pelo Open Banking é o avanço da concorrência no sistema financeiro, com redução gradual da concentração bancária no Brasil. Grandes bancos, que historicamente dominavam o mercado, começam a dividir espaço com cooperativas de crédito, fintechs e outras instituições mais ágeis e digitais.
De acordo com dados do Banco Central, esse movimento já impacta diretamente indicadores como participação nos ativos totais, depósitos e operações de crédito, reduzindo — ainda que de forma modesta — a fatia concentrada nas mãos dos cinco maiores bancos.
Esse cenário é impulsionado também pelo boom das fintechs na América Latina. Segundo o Fintech Report 2024, existem hoje 2.712 fintechs ativas na região, e o Brasil concentra cerca de 60% desse total — o equivalente a mais de 1.600 instituições que oferecem soluções financeiras inovadoras, com base em dados compartilhados pelo próprio usuário.
Essa descentralização representa mais liberdade para o consumidor, que agora pode acessar serviços financeiros mais baratos, personalizados e fora dos modelos tradicionais.
Pix: a porta de entrada para o Open Banking
A chegada do Pix representou muito mais do que uma nova forma de pagamento. Ele foi, na prática, o primeiro passo para viabilizar a lógica do Open Banking no Brasil, ao exigir um ambiente financeiro mais integrado, seguro e padronizado.
Antes do Pix, transferências como TED e DOC seguiam padrões próprios de cada banco. Essa falta de uniformidade limitava a mobilidade do cliente entre instituições, criava fricções nas operações e acabava fortalecendo a concentração bancária. Com o Pix, o Banco Central introduziu um modelo técnico unificado e obrigatório para todas as instituições participantes, algo essencial também no contexto do Open Banking.
Esse processo de padronização tecnológica e legal é o que garante, por exemplo, a segurança, a velocidade e a interoperabilidade do sistema. Hoje, pagamentos via Pix acontecem em segundos, a qualquer hora e em qualquer lugar do país, do e-commerce aos pequenos comércios, passando por serviços e até compras presenciais via QR Code.
O sucesso do Pix impulsionou a digitalização do varejo e mudou as expectativas dos consumidores, que agora demandam soluções cada vez mais ágeis e personalizadas. Essa mudança de comportamento ajudou a consolidar a base para o Open Finance, com mais liberdade, controle e transparência nas transações.
A evolução contínua do Pix — com funcionalidades como o Pix Saque e o Pix Troco — reforça esse avanço. E mostra como o Brasil tem seguido referências internacionais, como Reino Unido e Austrália, que também adotaram o Open Banking com o mesmo objetivo: promover concorrência, aumentar a eficiência do sistema financeiro e criar novos produtos centrados no consumidor.
O que muda na gestão com a integração entre ERP e Open Banking?
A adoção do Open Banking e a popularização do Pix não só trouxeram mais agilidade às transações financeiras, como também aceleraram a digitalização dos sistemas de gestão empresarial. Um exemplo claro disso é a evolução dos ERPs (sistemas de gestão integrada), que passaram a incorporar funcionalidades de pagamento via Pix diretamente em suas plataformas.
Essa integração permite que as empresas realizem e recebam pagamentos instantâneos sem sair do ambiente do ERP, o que simplifica rotinas, reduz burocracias e melhora a experiência do cliente. Além disso, ao seguir os padrões técnicos exigidos pelo Banco Central, esses sistemas mantêm a conformidade necessária para garantir a segurança e a rastreabilidade das operações.
Na prática, isso representa um avanço importante na automação financeira e na gestão de fluxo de caixa, tornando o uso de ERPs ainda mais estratégico para empresas que buscam eficiência, inovação e competitividade em um mercado cada vez mais digital.
Outro exemplo dessa evolução é a Senior Capital, iniciativa da Senior Sistemas em parceria com o BTG Pactual, que integra soluções financeiras como antecipação de recebíveis e crédito diretamente ao ERP — ampliando o potencial de gestão e acesso a capital de forma ágil, segura e integrada.
O futuro dos serviços financeiros
Parece contraditório dizer que a padronização traz mais personalização, mas esse é justamente um dos principais ganhos do Open Banking. Ao estabelecer normas técnicas e legais claras, o sistema permite que diferentes instituições compartilhem dados de forma segura, com o consentimento do cliente, abrindo caminho para a criação de serviços financeiros sob medida.
Com acesso estruturado a informações como histórico de transações, hábitos de consumo ou preferências de investimento, as instituições conseguem entender melhor o perfil de cada cliente e oferecer soluções mais aderentes às suas necessidades. Isso vale tanto para produtos como crédito e investimentos, quanto para experiências mais fluídas e centradas no usuário.
No fim das contas, o Open Banking viabiliza um cenário onde o cliente não precisa mais se adaptar ao banco. É o banco — ou a fintech — que se adapta ao cliente. Um modelo mais aberto, competitivo e centrado nas pessoas.
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