Este conjunto de operações transforma a matéria-prima bruta em itens com maior valor agregado, seja para consumo direto ou para processos industriais
As exportações brasileiras de itens de maior valor agregado do agronegócio cresceram 8,8% ao ano entre 2000 e 2023, conforme os dados do Trade Data Monitor. Considerado o terceiro maior exportador mundial de produtos agropecuários e agroindustriais, quando se trata do beneficiamento de produtos agrícolas o Brasil cai para a 4ª colocação, demonstrando o potencial ainda existente para este tipo de abordagem.
Na prática, para que uma matéria-prima produzida alcance seu real potencial de valor e de competitividade, é necessário dar mais este passo rumo ao beneficiamento de produtos. Estamos falando da transformação de grãos, fibras, frutas, sementes e outros insumos agrícolas em itens de maior qualidade e valor comercial.
Eles devem ser seguros para o consumo e prontos para atender às exigências dos clientes: sejam indústrias ou o consumidor final. Em muitos casos, o beneficiamento de grãos e de outros produtos não gera um produto final para as prateleiras, mas se encaixa às cadeias agroindustriais, dentro de um modelo de negócio B2B (entre empresas).
O que significa o beneficiamento de produtos no contexto agroindustrial?
De forma simples, o beneficiamento de produtos no agronegócio se trata do conjunto de operações realizadas para transformar a matéria-prima bruta em itens de maior valor agregado, seja para consumo direto pelo consumidor ou para uso em processos industriais.
No campo, isso pode incluir desde o preparo de sementes mais resistentes via biotecnologia até a entrega de grãos padronizados a uma trading do agronegócio. No caso da fruticultura, o beneficiamento garante que frutas sejam selecionadas, embaladas e transportadas sem perder qualidade.
Apesar de cada tipo de lavoura e de produção ter suas particularidades, existem etapas comuns ao beneficiamento de produtos que se encaixam aos sistemas agroindustriais:
- Seleção e recebimento: envolve a triagem da matéria-prima, garantindo que apenas produtos dentro dos padrões sigam para cada um dos processos.
- Limpeza: engloba a remoção de impurezas como terra, pedras, folhas e resíduos oriundos da colheita.
- Secagem: visa reduzir a umidade, essencial para aumentar a durabilidade durante o armazenamento e evitar contaminações que afetem a qualidade.
- Separação e classificação: divisão por tamanho, peso, cor ou qualidade, atendendo às exigências de cada mercado ou demandas específicas de clientes.
- Embalagem: preparação para transporte e comercialização de produtos agrícolas, assegurando proteção e padronização.
A estratégia do negócio pode variar de acordo com o perfil de produto: quando é beneficiado para consumo direto, exige-se um nível ainda maior de controle sanitário e rastreabilidade; no caso de fornecimento para indústrias, a ênfase recai principalmente na padronização.
Por que investir em beneficiamento?
O beneficiamento de produtos do agronegócio é, na prática, um fator de competitividade no agronegócio. Investir nessa etapa garante benefícios que impactam toda a cadeia. Entre os principais, destacam-se:
Aumento da vida útil e da qualidade
Processos como secagem e classificação de grãos prolongam a durabilidade, permitindo armazenagem e transporte em melhores condições.
Adequação a exigências legais e de mercado
Atender a normas sanitárias e a padrões de qualidade é essencial para acessar novos canais de venda, incluindo exportação. Com os cuidados de rastreabilidade, pode-se, inclusive, abrir novos mercados com um maior nível de exigência.
Valorização comercial
Produtos beneficiados têm maior valor agregado, o que pode ampliar as margens de lucro ou gerar um aproveitamento integral dos produtos da lavoura.
Diversificação de produtos e subprodutos
A partir do mesmo cultivo, diferentes resultados podem ser obtidos, como óleos, farinhas ou fibras, aumentando o aproveitamento e a rentabilidade do negócio.
Ou seja, é um processo amplo e complexo: envolve desde a biogenética, que busca variedades mais resistentes, e gestão de originação agrícola até o uso de máquinas modernas, como colhedoras inteligentes. Após a colheita, os produtos passam por rigorosos filtros de qualidade, separação de subprodutos e, por fim, chegam ao comprador já dentro dos padrões exigidos.
Principais desafios enfrentados nas etapas de beneficiamento
Por um lado, o beneficiamento de produtos é essencial para agregar valor; por outro, há a necessidade de superar desafios técnicos e econômicos. Uma cadeia agroindustrial bem estruturada precisa equilibrar eficiência produtiva com sustentabilidade e padronização. Entre os principais desafios, estão:
- Controle de qualidade e padronização: manter lotes homogêneos, sem variações indesejadas, é fundamental para atender aos contratos.
- Custos operacionais e uso intensivo de energia: secagem e armazenamento, por exemplo, demandam alto consumo energético, o que requer um novo olhar sobre a gestão do agronegócio.
- Gestão de resíduos e sustentabilidade: envolve o aproveitamento de subprodutos e a redução de desperdícios, o que se reverte em mitigação de impactos ambientais ao mesmo tempo em que aprimora os resultados econômicos.
- Necessidade de mão de obra qualificada: operar maquinários cada vez mais modernos e especializados e sistemas de gestão exigem profissionais mais preparados.
Na prática, produtos como soja, milho, algodão, café, sementes e frutas ganham mais aplicações de mercado quando passam por processos bem estruturados de beneficiamento. O desafio é encontrar o equilíbrio entre custos e qualidade, o que torna a tecnologia uma aliada estratégica.
Soluções tecnológicas que otimizam o beneficiamento
A modernização do agronegócio está acelerando o uso de tecnologias que tornam o beneficiamento de produtos mais eficiente, seguro e lucrativo. A busca por automação na agroindústria é uma das principais ferramentas nesse cenário.
Equipamentos automatizados reduzem a dependência de processos manuais, minimizam erros e evitam perdas durante etapas críticas, como a classificação, a embalagem e o armazenamento, especialmente com soluções como o Operis.
Outro avanço importante está nos sistemas de monitoramento de qualidade e rastreabilidade – que podem ser otimizados com a gestão de classificação do Agroverus e o OriginaçãoX.
Complementando esse ecossistema, a inteligência de dados aplicada ao beneficiamento possibilita otimizar o planejamento, prever demandas, reduzir consumo energético e até projetar cenários de mercado. Por meio de plataformas integradas, gestores podem acompanhar indicadores de desempenho e identificar gargalos rapidamente, aprimorando os resultados.
Todo esse processo se conclui quando está conectado às tradings e às plataformas de comercialização – especialmente nas commodities agrícolas –, ampliando o potencial de negociação, garantindo melhores condições de venda e contratos mais rentáveis para produtores e cooperativas.
Beneficiar é transformar, valorizar e competir
O beneficiamento de produtos não pode ser visto apenas como uma etapa intermediária. É uma ponte que conecta o campo ao mercado, garantindo mais qualidade, mais segurança e rentabilidade. Ele transforma a matéria-prima em insumos valorizados, agregando eficiência às cadeias produtivas e fortalecendo a competitividade do agronegócio brasileiro.
Com o apoio da tecnologia, as agroindústrias podem superar desafios, reduzir custos e assegurar padrões de qualidade cada vez mais exigentes.
