Manejo Integrado de Doenças: por que ele é tão importante?

A sanidade da lavoura é um dos grandes pilares da produtividade no campo. E quando o assunto é prevenir e controlar doenças nas principais culturas brasileiras, o manejo integrado de doenças (MID) ganha cada vez mais espaço como estratégia-chave para evitar perdas e garantir colheitas mais eficientes.

Não por acaso: a expectativa é que, em 2025, a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas atinja 323,8 milhões de toneladas, segundo o IBGE. Um número recorde que reflete não só um clima mais favorável, mas também o investimento em práticas agrícolas mais inteligentes, como o próprio MID.

O diferencial dessa abordagem é justamente a combinação de diferentes técnicas — como rotação de culturas, uso de sementes resistentes, monitoramento contínuo e controle químico responsável — para atuar de forma preventiva e sustentável contra doenças. Tudo isso ajuda o produtor a usar melhor os recursos, reduzir os custos com defensivos e aumentar a produtividade com mais segurança.

E a tecnologia vem potencializando tudo isso. Com o apoio de ferramentas digitais, sensores no campo, dados climáticos em tempo real e softwares de análise, o agricultor consegue agir antes que o problema apareça de fato. Essa antecipação é o que transforma o manejo integrado de doenças em uma estratégia moderna, conectada e cada vez mais essencial para quem busca uma agricultura mais rentável e sustentável.

O que é o manejo integrado de doenças?

O Manejo Integrado de Doenças (MID) envolve um conjunto de práticas agrícolas planejadas para prevenir, monitorar e controlar doenças nas lavouras. Em vez de depender apenas de defensivos agrícolas, essa abordagem se integra à agricultura moderna, adotando uma estratégia sustentável e multifatorial. Isso combina métodos culturais, biológicos, genéticos e químicos.

Seu propósito é minimizar os impactos dos inimigos naturais nas culturas, mas de forma inteligente e estratégica. Isso significa fazer um uso inteligente de defensivos, um dos principais insumos agrícolas. Sempre pensando tanto na melhoria da qualidade do solo e de um aumento da produtividade, visando ser mais assertiva e econômica. 

Este cuidado também gera benefícios para os produtores na busca pelo aumento da previsibilidade de sua produção e por produtos de mais qualidade. Ao conseguir cumprir as exigências na quantidade e nas propriedades de grãos e safras, favorecem-se contratos comerciais mais vantajosos. E tudo isso melhora a rentabilidade do cultivo. 

Quais os pilares do manejo integrado de doenças?

O manejo integrado de doenças (MID) é uma estratégia que vai muito além da aplicação de defensivos. Seu diferencial está na integração de diferentes práticas, todas pensadas para prevenir, monitorar e controlar doenças nas lavouras de forma mais eficiente, sustentável e econômica.

Conheça os principais pilares que sustentam essa abordagem:

1. Prevenção

Evitar que a doença se instale é sempre a melhor alternativa. Por isso, o pilar da prevenção é considerado o mais estratégico — e também o mais eficiente.

Entre as principais ações preventivas estão:

  • Uso de sementes certificadas e tratadas, livres de patógenos;
  • Melhoramento genético e escolha de cultivares mais resistentes a doenças;
  • Rotação de culturas, quebrando o ciclo dos patógenos e favorecendo o equilíbrio do solo;
  • Investimento em máquinas agrícolas bem calibradas, que evitem contaminações;
  • Cuidados com o preparo do solo e a manejo sustentável de pragas.

Essas medidas, quando aplicadas de forma planejada, ajudam a reduzir o risco de surtos e garantem uma base mais sólida para o sucesso da produção, especialmente em culturas de commodities agrícolas.

2. Monitoramento

Mais do que prevenir, é essencial acompanhar de perto a evolução da lavoura. O monitoramento contínuo permite identificar sinais iniciais de doenças, antes que causem prejuízos significativos.

Hoje, o uso de tecnologia no campo tem sido um grande aliado: sensores, estações meteorológicas, drones e plataformas de análise oferecem informações em tempo real. Isso torna o processo mais preciso e ajuda o produtor a agir no momento certo, com decisões mais seguras e assertivas.

3. Controle biológico

Ao contrário do que muitos pensam, nem todo microrganismo ou inseto representa uma ameaça à lavoura. O controle biológico se baseia justamente no uso de organismos naturais — como fungos, bactérias e predadores naturais — para combater doenças de forma mais equilibrada.

Essa técnica:

  • Reduz o uso de defensivos químicos;
  • Preserva o ecossistema e a biodiversidade local;
  • Está alinhada às exigências de mercados mais exigentes, como os de produtos orgânicos ou com certificações sustentáveis.

Cada vez mais presente nas lavouras brasileiras, o controle biológico é uma tendência que une eficiência e responsabilidade ambiental.

4. Controle químico

Quando necessário, o uso de produtos químicos faz parte do manejo integrado. A diferença está no planejamento criterioso da aplicação, que considera o tipo de cultura, o estágio da doença e as condições ambientais.

Entre os cuidados recomendados:

  • Aplicações pontuais, baseadas em dados e não em calendário fixo;
  • Respeito às doses e aos intervalos indicados pelo fabricante;
  • Rotação de princípios ativos, para evitar a resistência das pragas;
  • Uso de tecnologias de pulverização inteligente, que ajustam a aplicação conforme variáveis como vento, umidade e densidade da vegetação.

Esse uso racional ajuda a proteger a lavoura sem causar danos ao meio ambiente ou à saúde do consumidor.

5. Manejo cultural

Por fim, os cuidados com o ambiente agrícola também fazem parte do MID. São ações culturais que, somadas, ajudam a criar um cenário menos propício à proliferação de doenças.

Alguns exemplos importantes:

  • Correção e adubação equilibrada do solo;
  • Manejo adequado de resíduos de culturas anteriores;
  • Espaçamento correto entre plantas e safras;
  • Escolha de épocas de plantio que favoreçam a sanidade da cultura.

Quando bem executadas, essas práticas complementam os demais pilares e ajudam a construir uma lavoura mais saudável e produtiva.

Software para Agronegócio

Quais as principais doenças que afetam a produção agrícola no Brasil? 

Em um dos maiores produtores de alimentos do mundo, é impossível citar apenas um tipo de doença como ameaça principal. Fungos, bactérias e vírus formam a tríade responsável pelos maiores prejuízos nas lavouras brasileiras. Se não forem devidamente controlados, esses agentes podem comprometer tanto a produtividade quanto a qualidade das commodities agrícolas e, em casos extremos, inviabilizar a colheita.

É por isso que o manejo integrado de doenças se torna indispensável. A integração de boas práticas, tecnologia e monitoramento é o caminho mais eficaz para lidar com os desafios sanitários das lavouras.

E a tendência é que esse desafio se intensifique nas próximas décadas: um estudo conduzido por pesquisadores da Embrapa indica que cerca de 46% das doenças agrícolas que ocorrem no Brasil devem se tornar mais severas até o ano de 2100. Isso está diretamente ligado às mudanças climáticas, que alteram o regime de chuvas, elevam a temperatura média e criam condições mais favoráveis à disseminação de pragas e patógenos.

Confira abaixo algumas das principais doenças que afetam culturas estratégicas para o agronegócio brasileiro:

Soja

A soja é uma das culturas mais importantes do agronegócio nacional — e também uma das mais sensíveis a doenças fúngicas. As principais ameaças são:

  • Ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi): altamente agressiva, pode causar perdas de até 90% se não for controlada;
  • Mancha-alvo (Corynespora cassiicola): aparece principalmente em ambientes com alta umidade;
  • Oídio (Microsphaera diffusa): forma um pó branco sobre as folhas, reduzindo a capacidade fotossintética da planta.

Milho

O milho é outra cultura de destaque, especialmente no Cerrado. Veja os principais riscos:

  • Cercosporiose (Cercospora zeae-maydis): provoca lesões nas folhas, interferindo no enchimento dos grãos;
  • Mancha branca (Phaeosphaeria maydis): avança rapidamente, principalmente em ambientes úmidos e quentes;
  • Mosaico comum (vírus): afeta o desenvolvimento das plantas e pode ser transmitido por insetos vetores.

Café

No setor cafeeiro, algumas doenças já são velhas conhecidas dos produtores:

  • Ferrugem do cafeeiro (Hemileia vastatrix): considerada a mais destrutiva da cultura;
  • Cercosporiose (Cercospora coffeicola): comum em regiões com desequilíbrio nutricional;
  • Phoma e antracnose: causam manchas e necroses nos frutos e folhas, comprometendo a qualidade do grão.

Cana-de-açúcar

Muito relevante para a produção de açúcar e etanol, a cana também exige cuidados específicos:

  • Escaldadura das folhas (Xanthomonas albilineans): causada por bactéria, leva ao secamento progressivo das folhas;
  • Ferrugem alaranjada (Puccinia kuehnii): afeta principalmente folhas novas, prejudicando o desenvolvimento;
  • Carvão da cana (Sporisorium scitamineum): provoca deformações na planta e compromete a produtividade.

Essas doenças, quando não controladas de forma eficiente, exigem mais aplicações corretivas, elevam os custos de produção e reduzem a rentabilidade da lavoura, além de representar riscos à segurança alimentar e à estabilidade de toda a cadeia produtiva.

Por isso, investir em tecnologia no campo e adotar estratégias como o manejo integrado de doenças se tornou essencial para garantir safras mais produtivas, sustentáveis e competitivas.

Quais os benefícios do manejo integrado de doenças para produtores e indústrias agrícolas?

Uma projeção da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) estima que até 40% da produção global de alimentos é perdida devido às pragas. Por isso, a ação preventiva e estratégica é gera ganhos significativos para todos os elos da cadeia agroindustrial, além de reduzir impacto ambiental.

Entre as vantagens da prática, encontram-se: 

  • Redução no uso de defensivos químicos – Menos aplicações significa economia direta com insumos e menor impacto ao meio ambiente e à saúde humana. 
  • Mais longevidade e produtividade da lavoura – Culturas mais sadias se desenvolvem melhor, resistem mais a estresses ambientais e produzem mais. Isso se traduz em colheitas mais abundantes e lucrativas. 
  • Segurança e previsibilidade na comercialização – Ao reduzir perdas e melhorar a uniformidade da produção, o produtor passa a ter mais controle sobre o volume e a qualidade dos produtos. O que facilita o planejamento comercial e as negociações com clientes. 
  • Reputação positiva no mercado – Empresas que adotam práticas de manejo sustentável fortalecem sua reputação e se posicionam de forma mais competitiva, especialmente diante de consumidores e investidores cada vez mais atentos às práticas ESG, contribuindo para atender exigências de certificações e mercados internacionais. 

Qual o papel da tecnologia e da automação no sucesso do MID? 

Plataformas de gestão agrícola, sensores, análise contínua de dados e inteligência artificial no agronegócio são algumas das possibilidades que a tecnologia traz aos gestores do país. Desde a previsão da safra até a detecção precoce de doenças, a agricultura digital é um caminho que reduz erros e aumenta a eficiência nas lavouras.

O monitoramento digital, feito por sensores de solo e clima, permite um acompanhamento muito mais preciso. Com o sensoriamento remoto, é possível identificar focos de doenças e variações climáticas que favorecem seu surgimento, especialmente quando essas informações são cruzadas com modelos preditivos baseados em IA.

O manejo integrado de doenças também ganha força com soluções especializadas para o agro. Ao reunir dados da propriedade, como aplicação de defensivos, datas e eficiência de pulverizações e histórico de doenças, engenheiros e consultores têm mais informações para tomar decisões assertivas.

A combinação de monitoramento e softwares traz automação para o campo, assim como acontece na indústria e armazéns logísticos. Máquinas e dispositivos podem ser programados para agir de forma automática, considerando velocidade, densidade da vegetação e condições climáticas.

Essas tecnologias ainda favorecem a rastreabilidade e o atendimento às exigências de qualidade nas cadeias de commodities agrícolas, como soja, milho e até na fruticultura. Com isso, o controle fitossanitário se torna um diferencial competitivo.

E com ferramentas como o Commerce, é possível conectar todos os departamentos envolvidos no manejo, garantindo mais inteligência e segurança para o agronegócio.

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