LGPD: entenda o consentimento e as rotinas de portaria

Entenda o significado de consentimento e como ele pode impactar no fluxo de alguns processos de sua Portaria

O Artigo 7º da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) estabelece bases legais para que os dados de uma pessoa possam ser tratados por uma empresa ou instituição, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e privacidade do seu titular.

Uma dessas bases legais é a solicitação do consentimento do titular dos dados. Isso pode ser feito por meio de um termo de consentimento, que explicite de modo transparente a razão da coleta das informações.

Sendo assim, é importante compreender o papel do termo de consentimento, como ele pode impactar o fluxo de alguns processos, quais informações ele tem de apresentar e quem são os responsáveis por fornecê-las.

De acordo com o Art. 5º, Inciso XII, da LGPD consentimento é a “manifestação livre, informada e inequívoca pela qual o titular concorda com o tratamento de seus dados pessoais para uma finalidade determinada”.

Para compreender essa definição, é preciso que os termos destacados fiquem claros, assim como outros utilizados pela LGPD:

  • Titular: é a pessoa natural a quem se referem os dados que serão tratados (Art. 5º, Inciso V);
  • Dado pessoal: é uma informação relacionada à pessoa natural identificada ou identificável (Art. 5º, Inciso I);
  • Dados pessoais sensíveis: são aqueles “sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural” (Art. 5º, Inciso II);
  • Controlador: é a “pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a quem competem as decisões referentes ao tratamento de dados pessoais” (Art. 5º, Inciso VI);
  • Operador: é a “pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que realiza o tratamento de dados pessoais em nome do controlador” (Art. 5º, Inciso VII).

Como a LGPD e o consentimento se aplicam às rotinas de portaria e quais são os seus impactos?

No contexto das empresas e instituições que fazem uso de rotinas de portaria, o consentimento torna-se uma etapa adicional no fluxo do processo, seja no agendamento de uma visita, seja na recepção dos visitantes, pois ambos exigirão a coleta de dados pessoais e, em alguns casos, de dados sensíveis (como a biometria).

Nas rotinas de portaria, o titular que fornecerá os dados pessoais (como CPF, RG, endereço, e-mail e número de telefone) é o visitante, terceiro ou parceiro que pretende acessar as dependências da empresa/instituição. Para a realização do acesso, algumas portarias fazem uso de biometria, considerada um dado pessoal sensível.

Antes de fornecer esses dados (num cadastro prévio ou na recepção), o titular precisa ser informado de maneira clara, objetiva e transparente sobre a razão da coleta das informações.

O texto de solicitação do consentimento precisa deixar explícito quais são os fins específicos da coleta e tratamento de dados, sem autorizações genéricas. Caso contrário, o conteúdo poderá ser considerado nulo. Do mesmo modo, textos identificados como enganosos ou abusivos serão anulados.

É fundamental agir com transparência e solicitar o consentimento de forma clara e acessível, respondendo às seguintes questões:

  • Por que precisamos coletar os dados que estamos solicitando?
  • O que nossa empresa/instituição fará com eles?

Ciente da finalidade da coleta e tratamento dos dados, o titular (visitante) estará apto a aceitar o termo de consentimento e fornecer seus dados.

O controlador, que neste contexto é a empresa/instituição que recebe o visitante, tem a obrigação de informar o titular sobre a finalidade do uso de seus dados e comprovar a solicitação e fornecimento do consentimento, que “deverá ser fornecido por escrito ou por outro meio que demonstre a manifestação de vontade do titular” (Art. 8º).

Desse modo, a empresa ou instituição pode solicitar e adquirir o consentimento do visitante da maneira que lhe parecer mais condizente ao seu contexto (por escrito, por e-mail, via sistema etc.).

Se a finalidade primária do tratamento de dados for alterada de modo a tornar-se incompatível com os objetivos iniciais, o titular precisa ser informado e pode revogar o consentimento. Ou seja, se o titular fornecer o e-mail para receber informações sobre seu agendamento e normas de acesso à empresa, por exemplo, o controlador não pode compartilhar esse e-mail com terceiros ou com outro operador de dados sem informar ao titular e pedir novo consentimento.

Acesso aos dados

O titular tem o direito de receber os dados que forneceu à empresa/instituição a qualquer momento. Portanto, é fundamental que o controlador ofereça um canal de atendimento que permita ao titular solicitar esses dados.

Casos específicos

Nem todos os contextos exigem o uso de um termo de consentimento para a coleta de dados. De acordo com o Art. 7º da LGPD, é possível tratar dados pessoais nas seguintes hipóteses:

  • cumprimento de obrigação legal ou regulatória por parte do controlador;
  • tratamento e uso compartilhado de dados necessários para a execução de políticas públicas previstas em leis e regulamentos ou respaldadas em contratos, convênios ou instrumentos congêneres, por parte da administração pública;
  • realização de estudos por órgão de pesquisa, garantida a anonimização dos dados pessoais, sempre que possível;
  • execução de contrato ou de procedimentos preliminares relacionados a contrato do qual o titular seja parte, a pedido do titular dos dados;
  • exercício regular de direitos em processo judicial, administrativo ou arbitral;
  • proteção da vida ou da integridade física do titular ou de terceiros;
  • para a tutela da saúde, exclusivamente, em procedimento realizado por profissionais de saúde, serviços de saúde ou autoridade sanitária;
  • atendimento aos interesses legítimos do controlador ou de terceiros, exceto no caso de prevalecerem direitos e liberdades fundamentais do titular que exijam a proteção dos dados pessoais;
  • proteção do crédito, inclusive quanto ao disposto na legislação pertinente.

Para mais detalhes a respeito dos contextos em que a Lei permite o tratamento de dados pessoais, confira o Artigo 7º da LGPD ou busque apoio jurídico.

Atentando-se ao que prevê a LGPD, o termo de consentimento pode ser compreendido como uma das ferramentas que auxiliam a sua empresa/instituição a manter a transparência e a proteger os direitos fundamentais de liberdade e privacidade dos seus clientes.

Portanto, tenha claro qual é seu papel e busque adaptar as rotinas a essas exigências legais.

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