Do controle de acesso, passando pelo due diligence ao acompanhamento de KPIs, a presença de terceiros em negócios requer atenção especial sob a perspectiva de compliance.
Uma pesquisa da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) aponta que 63% das empresas do setor trabalham com a terceirização. Desse total, 84% pretendem manter ou aumentar a prática, seja para lidar com serviços especializados ou para atividades não estratégicas, como manutenção, limpeza ou gestão de TI. Independentemente do motivo, os dados reforçam a necessidade de uma gestão de riscos de terceiros.
Embora empresas parceiras possam solucionar questões operacionais e ampliar a especialização de atividades, essa atuação conjunta deve ser considerada na análise de riscos de um negócio, já que se relaciona à reputação, à operação e à segurança de uma organização.
Para diminuir a ameaça de passivos e ganhar controle sobre documentos e acessos, muitas empresas estão adotando uma plataforma completa para a gestão de riscos de terceiros. Ela integra cadastro, validações e controle de acesso em um único sistema, dando mais transparência a todos os processos e trazendo dados para uma administração mais efetiva destas parcerias.
O que é gestão de riscos de terceiros?
A gestão de riscos de terceiros é o processo de identificar, avaliar, mitigar e monitorar as ameaças que fornecedores, prestadores de serviços, parceiros e outras partes externas podem trazer a um negócio. Um colaborador externo também está sujeito a acidentes de trabalho e precisa ser capacitado em relação às boas práticas de segurança corporativa.
Mas essa preocupação é ainda mais ampla. Esses terceiros muitas vezes têm acesso a dados sensíveis, ambientes físicos estratégicos dos negócios e podem influenciar diretamente a qualidade de produtos e serviços entregues ao cliente. Por isso, é essencial adotar práticas de compliance e gestão de terceiros, estabelecendo limites, controles e regras claras.
Em alguns setores, como o agronegócio e alguns tipos de indústria, por exemplo, os parceiros podem influenciar na rastreabilidade e transparência de produtos, especialmente em mercados mais regulamentados. Com esse cuidado, a empresa consegue manter os riscos em níveis aceitáveis, evitar falhas operacionais, manter a transparência e fortalecer sua governança corporativa e o duty of care.
Quais são os principais tipos de riscos envolvidos na gestão de terceiros?
Ao formalizar relações com fornecedores e outros parceiros de negócios, uma organização se expõe a diferentes riscos. Entre os principais, encontram-se:
– Riscos reputacionais: quando um terceiro se envolve em fraudes, corrupção ou práticas antiéticas, a imagem da empresa também pode ser impactada;
– Riscos de transação: falhas no fornecimento de produtos, atrasos em entregas ou descumprimento de contratos podem comprometer a continuidade das operações;
– Riscos de conformidade: o não cumprimento de leis e de regulamentos por terceiros pode gerar multas e sanções ao contratante;
– Riscos de segurança da informação: fornecedores com acesso a dados corporativos representam riscos de vazamentos e ciberataques, exigindo atenção especial à cibersegurança;
– Riscos financeiros: instabilidade econômica ou má gestão financeira de terceiros pode gerar quebras de contrato e prejuízos.
Quais são os principais desafios ao gerenciar riscos de terceiros?
Apesar da relevância da gestão de riscos de terceiros, muitas empresas ainda enfrentam desafios ao implementar uma avaliação efetiva. Isso se deve em muitos casos à dependência de processos manuais. Sem tecnologia, o monitoramento torna-se lento, sujeito a falhas e sem parâmetros claros.
Em um ambiente de evolução contínua e de aumento da maturidade tecnológica, a escalabilidade deve ser uma demanda dos parceiros. À medida que seu negócio cresce, aumenta também a quantidade de terceiros a serem gerenciados. Para isso, uma gestão de dados é essencial. Deve-se ter acesso a informações confiáveis, evitar silos de dados e garantir a governança.
Uma boa avaliação de terceiros requer monitoramento contínuo. É preciso acompanhar indicadores para analisar a qualidade das entregas e buscar a mitigação de riscos dessa relação. E, por fim, encontrar terceiros com alinhamento estratégico é um diferencial. Parceiros devem compartilhar valores e práticas compatíveis de negócios.
Quando esses desafios são superados, as organizações diminuem as ameaças de passivos trabalhistas, tendo controle total de documentos e liberações com bloqueio automático em caso de irregularidades a partir de sistema de controle de acesso inteligente . As soluções digitais ainda permitem criar indicadores e facilitar o trabalho de áreas como Compras, Jurídico, Compliance e Operações.
Como monitorar e controlar continuamente os riscos de terceiros?
Uma gestão eficaz e alinhada à estratégia de ERM precisa ter um olhar atento à contratação e ao onboarding, mas deve incluir também mecanismos de monitoramento constante. Entre as principais práticas, destacam-se:
– Estabelecer parâmetros internos para cada operação: defina critérios mínimos de segurança, compliance e qualidade.
– Realizar due diligence de fornecedores: investigue antecedentes legais, regulatórios e reputacionais antes da contratação.
– Gerencie contratos e riscos de integração: inclua cláusulas específicas sobre confidencialidade, responsabilidade e auditorias.
– Implemente monitoramento e supervisão contínuos: utilize ferramentas que acompanhem indicadores em tempo real.
– Gestão de não conformidades: estabeleça protocolos claros para correção de falhas e controle de qualidade.
– Crie planos de respostas a incidentes: tenha um roteiro para agir rapidamente em caso de fraudes, vazamentos ou interrupções.
De forma conjunta, essas práticas formam um framework de gestão de riscos de terceiros completo: do primeiro contato e gestão documental ao acompanhamento da performance. Com a transparência do cadastro e acompanhamento online, há redução de ruídos e do retrabalho envolvendo terceiros.
Tecnologia, governança e dados: o tripé da gestão moderna de terceiros
Uma gestão de riscos de terceiros eficaz não depende apenas de processos internos, mas também da capacidade de utilizar ferramentas que centralizem informações e automatizem controles.
Soluções especializadas simplificam a automação de cadastros e o processo de due diligence. É possível configurar os sistemas para monitorar indicadores relacionados a cada prestador em tempo real, gerando relatórios sobre desempenho e conformidade.
Com isso, torna-se mais simples reduzir custos e perceber o retorno sobre investimento deste tipo de solução ao mesmo tempo em que há fortalecimento da governança corporativa.
As novas demandas de parceiros e clientes sobre preocupações com o meio ambiente, sociais e de governança (ESG) alinhadas às preocupações com dados tornam esse olhar para os terceiros ainda mais relevante.
Organizações mais protegidas, resilientes e competitivas
A gestão de riscos de terceiros é essencial para reduzir passivos, proteger a reputação da empresa e garantir continuidade operacional. Com um processo estruturado que envolve onboarding, due diligence de fornecedores, monitoramento contínuo e respostas rápidas a incidentes, as organizações se tornam mais resilientes e competitivas.