Entenda os direitos de propriedade intelectual no agronegócio

A inovação já se tornou um dos pilares que sustentam o crescimento e a competitividade do agronegócio brasileiro.

De sementes geneticamente modificadas a soluções digitais que conectam o campo à indústria, a tecnologia tem redefinido a forma como produtores, cooperativas e agroindústrias operam.

Nesse cenário, os direitos de propriedade intelectual ganham relevância estratégica, assegurando valor, proteção e continuidade às inovações do setor.

No Brasil, um marco importante é a Lei de Proteção de Cultivares (LPC), instituída pela legislação federal 9.456/1997, que garante proteção legal, valorização de mercado e incentivo à inovação nessa área específica. Mas o que exatamente significa esse conceito no contexto do agro?

O que é propriedade intelectual no agronegócio?

A propriedade intelectual no agronegócio é o conjunto de direitos legais que protegem as criações do intelecto humano aplicadas à cadeia produtiva do campo.

Ela assegura a proteção sobre invenções, marcas, obras, processos e produtos que resultam da atividade criativa e da inovação no setor, garantindo ao criador o direito de exclusividade sobre seu uso e exploração comercial.

Embora o termo seja comum no setor cultural, sua lógica no agronegócio aplica-se diretamente a inovações que impactam a produção e a gestão, tais como:

  • Sementes e cultivares geneticamente modificadas;
  • Máquinas e equipamentos agrícolas com funcionalidades específicas;
  • Sistemas para o agronegócio e plataformas de gestão agrícola;
  • Processos produtivos e tecnologias de automação;
  • Marcas e embalagens de produtos.

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A importância da proteção de inovações no campo

Proteger ideias e tecnologias tornou-se estratégico, especialmente com o aumento da competitividade em determinados produtos, como as commodities agrícolas. Descuidos neste setor podem levar à perda de valor econômico, uso indevido por concorrentes e até desestímulo à pesquisa e ao desenvolvimento.

Os direitos de propriedade intelectual ainda promovem um ambiente favorável ao crescimento da cadeia agroindustrial. Ao reconhecer o valor das criações, incentivam-se os aportes em novas soluções voltadas à eficiência produtiva, à preservação ambiental, à rastreabilidade de produtos agrícolas e à gestão de originação agrícola.

Um guia do Mapa estabelece que as cultivares são passíveis de proteção ao atenderem os seguintes critérios:

  • Ter denominação apropriada que a identifique;
  • Ser produto de melhoramento genético distinto, homogêneo e estável;
  • Ser de uma espécie passível de proteção no Brasil;
  • Não haver sido comercializada no exterior há mais de 4 anos;
  • Não haver sido comercializada no Brasil há mais de 12 meses.

Como a propriedade intelectual impulsiona o desenvolvimento do campo?

Mais do que uma medida defensiva para evitar riscos, a proteção formal da propriedade intelectual é uma estratégia que gera valor real para o agronegócio. É o que transforma uma inovação em um ativo comercializável, com impacto direto na rentabilidade e na competitividade das empresas.

Os direitos de PI são importantes por três motivos centrais:

  1. Exclusividade e retorno financeiro: O registro de patentes, marcas e segredos industriais garante ao criador o direito exclusivo de exploração. Essa proteção permite transformar conhecimento em receita, seja por meio de licenciamento, royalties ou novas oportunidades de negócio.
  2. Valorização e diferenciação no mercado: Produtos protegidos por marca ou patente ganham mais credibilidade e espaço comercial. Um exemplo são as sementes registradas, que se destacam por oferecer rastreabilidade e qualidade comprovada — diferenciais valorizados em exportações e programas de certificação.
  3. Inovação e competitividade sustentável: A segurança jurídica proporcionada pela PI cria um ambiente fértil para novos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Com mais confiança para inovar, o setor agro amplia sua eficiência produtiva, adota tecnologias sustentáveis e fortalece toda a cadeia agroindustrial.

Tipos de propriedade intelectual no agronegócio

Os direitos de propriedade intelectual se dividem em diferentes categorias. No agronegócio, quatro tipos se destacam:

1. Patentes

São concedidas a invenções que apresentem novidade, aplicação industrial e atividade inventiva. Quando liberadas pelo Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI), garantem exclusividade comercial por até 20 anos. Elas protegem:

  • Máquinas e implementos agrícolas;
  • Novos processos de cultivo e irrigação;
  • Biotecnologias;
  • Produtos químicos (fertilizantes, defensivos agrícolas).

2. Marcas

São essenciais para construir identidade e reputação. O registro de marca protege nomes de empresas, cooperativas agrícolas, rótulos e logotipos de produtos, além de selos de origem e qualidade. Uma marca registrada evita o uso indevido por terceiros e agrega valor ao produto.

3. Direitos autorais

Protegem criações de natureza artística, científica ou literária. No setor agroindustrial, aplicam-se a publicações, manuais técnicos, fotografias, vídeos promocionais, materiais educacionais e, crucialmente, aos softwares de gestão rural.

4. Segredos comerciais

Envolvem informações confidenciais que conferem vantagem competitiva. No agro, é comum para proteger fórmulas, misturas químicas, processos industriais de produção de insumos e modelos preditivos baseados em dados agrícolas (especialmente com o avanço da inteligência artificial no agronegócio).

Desafios e riscos da propriedade intelectual no agronegócio

Apesar dos benefícios, o setor agrícola enfrenta desafios significativos na proteção de suas inovações. Destacam-se:

  • Pirateamento de sementes e produtos: O uso indevido de sementes patenteadas é um dos principais problemas. Essa prática reduz a rentabilidade da pesquisa e pode gerar sanções, muitas vezes ocorrendo pela falta de uma gestão de royalties eficiente.
  • Complexidade das legislações internacionais: A proteção de patentes e cultivares não é uniforme entre países, criando desafios para empresas que atuam em mercados globais.
  • Concorrência desleal e violações: Casos de uso indevido de marcas, plágio de ferramentas de gestão para o agronegócio e cópia de processos produtivos ainda são frequentes, exigindo monitoramento e compliance.

Como as tecnologias digitais facilitam a proteção da PI

A transformação digital revolucionou também a gestão de ativos intangíveis. Hoje, proteger a propriedade intelectual no agronegócio vai muito além do simples registro burocrático.

Graças a tecnologias como inteligência artificial e sistemas avançados de gestão de dados, o processo de proteção e monitoramento tornou-se mais dinâmico, proativo e eficiente.

Veja a seguir como as principais ferramentas digitais estão sendo aplicadas para garantir essa segurança:

Blockchain para rastreabilidade e autenticidade

O blockchain cria um registro digital distribuído e imutável, onde cada transação ou movimento na cadeia produtiva é registrado em um “bloco” que não pode ser alterado.

No agronegócio, isso permite rastrear a jornada completa de um produto — desde o desenvolvimento genético da semente e os insumos aplicados até o produto final no supermercado.

Essa transparência radical é fundamental para garantir a autenticidade, combater a pirataria de cultivares protegidas e fornecer uma prova incontestável de origem, o que facilita a gestão de royalties e protege contra o uso indevido em processos complexos como a originação de grãos.

Softwares para automação da gestão de PI

Os softwares de gestão de PI atuam como um centro de controle estratégico para todos os ativos intangíveis da empresa, sejam eles marcas, patentes ou cultivares. Eles centralizam a documentação, o status de registro em diferentes países e todos os contratos vinculados.

Sua principal função é automatizar o monitoramento de prazos críticos — como datas de registro, renovação e pagamento de anuidades — e gerenciar os contratos de licenciamento.

Ao eliminar a dependência de controles manuais, eles reduzem drasticamente o risco de falha humana, garantindo que a proteção legal, que custou tempo e dinheiro para ser obtida, não seja perdida por um simples descuido administrativo.

Inteligência Artificial no monitoramento de infrações

A Inteligência Artificial monitora ativamente o ambiente digital em busca de violações. A IA pode detectar plágios de conteúdo técnico, uso indevido de marcas em marketplaces e redes digitais, e até mesmo infrações em processos, permitindo que a empresa aja rapidamente contra infrações que seriam impossíveis de localizar manualmente.

Essas ferramentas, juntas, reduzem custos operacionais, automatizam processos complexos e aumentam significativamente a segurança jurídica das empresas agroindustriais.

O futuro da propriedade intelectual no agronegócio

Olhando para frente, o avanço de tecnologias emergentes — como biotecnologia, agricultura de precisão, automação e IA — apenas reforça essa importância, ao mesmo tempo que introduz novas oportunidades e desafios.

Para que o setor continue avançando, será necessário fortalecer a legislação de patentes agrícolas, garantindo o equilíbrio entre a proteção da inovação e o acesso a novas tecnologias. Outros desafios críticos envolvem a harmonização de normas internacionais, facilitando a expansão global, e a integração da PI à estratégia de sustentabilidade do setor.

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