O Brasil é o principal produtor de açúcar do mundo, com quase a metade do cultivo global, e é uma das referências em biocombustíveis como o etanol
O setor sucroalcooleiro ou sucroenergético desempenha um papel estratégico na economia brasileira. Isso porque o setor consolida o país como um dos maiores produtores mundiais de açúcar e etanol. Esse segmento envolve toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar. Desde o cultivo à industrialização e à comercialização de seus derivados: álcool, aguardente, etanol e solventes.
É possível dividir o setor sucroenergético brasileiro em dois grandes grupos. A primeira é a indústria específica do açúcar, que envolve a moagem da cana para a produção desse item e derivados. E os negócios especializados em etanol, voltados a produzir o combustível para consumo interno e para a exportação. O etanol – assim como o biodiesel – é um dos principais produtos do ramo de biocombustíveis.
O que é o setor sucroenergético e qual a sua importância para a economia?
O Brasil se mostra um importante player em termos globais.
Um relatório do IBGE mostrou que, em 2023, o país produziu 782 milhões de toneladas de cana-de-açúcar em uma área superior a 10 milhões de hectares. São cerca de 170 mil estabelecimentos do país envolvidos nessa cultura, que gerou um valor de produção superior a R$ 101 bilhões. O país representa quase a metade da produção de açúcar global, de acordo com a FAO.
Com apenas 1,2% do território brasileiro destinado à cultura, o valor movimentado pelo setor sucroenergético deve superar os US$ 40 bilhões de PIB. Isso equivale a cerca de 2% do PIB brasileiro.
Na safra 2023/2024, o Brasil deve produzir 42 milhões de toneladas de açúcar, um aumento em relação às 34 milhões de toneladas da safra anterior (22/23).
Além disso, a produção de etanol deve chegar a 27,3 bilhões de litros, superando os 24,5 bilhões do período anterior. Os dados são da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA). Aproximadamente 80% da produção de açúcar brasileira é destinada à exportação, com produtos contendo insumos nacionais sendo enviados para mais de 100 países ao redor do mundo.
A entidade projeta que cerca de 2,2 milhões de pessoas estejam empregadas pela cana-de-açúcar, sendo 730 mil empregos formais. Trata-se, portanto, de um importante segmento econômico e social do país na questão econômica e com forte impacto social em diversas regiões.
Como funciona a produção de açúcar e etanol?
A produção de açúcar e etanol passa por diversas etapas, desde o plantio da cana até o processamento agroindustrial. Assim como o agronegócio, este setor está cada vez mais investindo em tecnologia para tornar os processos mais eficientes e assertivos. Mas quais são as principais fases do setor sucroenergético?
Cultivo e colheita da cana-de-açúcar
A produção começa no campo, com o plantio da cana-de-açúcar em solos adequados e com uso de técnicas modernas de manejo. A colheita pode ser mecanizada ou manual, sendo a primeira a mais eficiente e sustentável, pois reduz custos e impactos ambientais.
Como uma das principais commodities agrícolas, o setor tem investido cada vez mais em tecnologia. Isso garante produções de alta qualidade, alinhadas às exigências dos clientes.
Transporte para a agroindústria
Após a colheita, a cana de açúcar é transportada para as usinas, onde será processada. O tempo entre a colheita e o processamento deve ser o menor possível para evitar perdas de qualidade. Por isso, muitos produtores investem em estruturas próximas ao campo, visando assegurar o padrão de sua produção.
Moagem e extração do caldo
Na usina, a cana passa por um processo de moagem. Nessa etapa os rolos esmagam a planta para extrair o caldo rico em açúcares. O bagaço resultante é aproveitado para geração de energia nas próprias usinas.
Produção de açúcar
O caldo extraído passa por um processo de purificação, evaporação e cristalização para a formação do açúcar. Após essas etapas, o produto final é secado, peneirado e embalado para distribuição ao mercado.
Produção de etanol
A depender do perfil de cliente e do direcionamento da produção, o caldo extraído pode ser direcionado para a fermentação. Neste processo, as leveduras transformam os açúcares em álcool. O etanol resultante é destilado para separação de impurezas. Posteriormente, pode ser comercializado como etanol hidratado (aplicado diretamente nos veículos) ou anidro (misturado à gasolina).
Subprodutos
Além do açúcar e do etanol, o setor sucroenergético também aproveita os subprodutos. O principal deles é o bagaço da cana, aplicado principalmente na geração de energia elétrica. Além disso, a vinhaça, um resíduo líquido rico em nutrientes que pode ser aplicado como fertilizante no campo.
Os desafios do setor sucroenergético no Brasil
Embora os produtores estejam olhando cada vez mais para dentro da porteira para otimizar os seus processos e serem mais eficientes, o setor sucroenergético – assim como o agronegócio – enfrenta desafios que impactam sua produtividade e competitividade.
Um dos fatores principais são as variações climáticas. Eventos climáticos extremos, como secas e geadas, podem comprometer a produtividade da cana-de-açúcar. Isso acontece, pois exigi gestão eficiente e inovação em técnicas de cultivo. Além disso, alterações em índices pluviométricos também afetam os resultados de safra.
Outro ponto ao qual os gestores do agro não têm controle são as oscilações de mercado. A precificação do açúcar e do etanol está sujeita a fatores como política de combustíveis, demanda global e taxa de câmbio. É por isso que muitos gestores procuram ter controle da qualidade dos seus produtos. O que abre e mantém portas abertas com bons clientes e as boas negociações.
Os dois problemas anteriores podem ser minimizados com os investimentos em inovação e eficiência. Estruturar processos de forma inteligente e aplicar tecnologia a todas as áreas produtivas é essencial. Isso porque torna mais eficiente, competitivo, além de reduzir os custos operacionais.
O papel da automação e da tecnologia na gestão do setor sucroenergético
A digitalização e a automação têm transformado a gestão da agroindústria no setor sucroenergético.
Sistemas inteligentes monitoram o consumo de combustível, otimizam a rota de colheitadeiras e reduzem desperdícios na produção. O uso de sensores IoT e de análise de dados possibilitam um controle mais preciso de alguns fatores. São eles: irrigação e aplicação de defensivos agrícolas, visando aumentar a produtividade.
Planejamento de produção – O planejamento é a base de qualquer atividade bem-sucedida. Aplicar inteligência artificial (IA) e machine learning transforma significativamente a capacidade, a previsibilidade e a eficiência do setor. Essas tecnologias são capazes de analisar grandes volumes de dados, identificar padrões e antecipar problemas.
Esses benefícios são potencializados com plataformas como um software de gestão rural – ERP especializado no setor. Com essa plataforma, é possível não apenas captar e armazenar dados do campo, mas também processá-los de forma inteligente. Visando o objetivo de tomar decisões mais assertivas que aumentam a eficiência produtiva.
Gerenciamento do plantio – Uma das etapas mais onerosas na produção sucroalcooleira, ser assertivo é importante sob a perspectiva econômica. Sistemas para organizar as tarefas e o manejo sustentável de pragas associado a tecnologias de monitoramento do solo fazem toda a diferença. É possível avaliar as condições do solo e prepará-lo adequadamente, promovendo um acompanhamento mais preciso que reflete na produtividade.
Programação da colheita – A tecnologia tem papel indispensável neste planejamento. Ferramentas modernas podem identificar os momentos mais adequados para a colheita, considerando o estágio de maturação. Também é possível coordenar a colheita com a logística e a produção, considerando a capacidade de moagem da usina e os prazos contratuais.
O futuro do setor sucroenergético
Este setor é visto como um dos marcos na busca pela sustentabilidade. Isso, devido a sua influência na política de biocombustíveis – e pode servir de referência para diversos outros cultivos. Nesse cenário, algumas tendências incluem:
- Expansão do etanol – Há uma crescente busca por energias renováveis, e o etanol ganha espaço como alternativa aos combustíveis fósseis. Programas como o RenovaBio incentivam o plantio da cana-de-açúcar e a produção do biocombustível no Brasil.
- Mais tecnologia – é de esperar equipamentos mais eficientes e sistemas automatizados. Com o objetivo de aumentar a produtividade e reduzir custos operacionais, seguindo a linha de uma agricultura digital.
- Sustentabilidade e economia circular – a bioenergia gerada a partir dos subprodutos da cana-de-açúcar reforça a sustentabilidade do setor. Além de reduzir sua pegada de carbono.
- Biotecnologia – o melhoramento genético das plantas permite cultivos mais efetivos, avaliando condições climáticas e características do solo.
Com um papel fundamental na economia, o setor sucroenergético está sendo impulsionado por inovações tecnológicas que aumentam sua eficiência e competitividade. Apesar dos desafios climáticos e de mercado, o investimento em automação e em gestão inteligente fortalece a produção e amplia as oportunidades para o setor.
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