Investir em tecnologias agrícolas deixou de ser tendência e virou necessidade. Para dar conta da crescente demanda por alimentos, reduzir custos e manter a competitividade no campo, cada vez mais produtores apostam na agricultura digital
Segundo a pesquisa “A Mente do Agricultor Brasileiro”, da McKinsey, metade dos agricultores no país já usam ou pretendem adotar soluções digitais no campo. O uso dessas tecnologias é mais comum entre propriedades maiores, mas o avanço é visível em todo o setor.
Com o desafio global de aumentar em 70% a produção até 2050, segundo a ONU, e os impactos das mudanças climáticas, a agricultura digital surge como um caminho para produzir mais, com mais eficiência e menos desperdício.
O que é agricultura digital?
A agricultura digital, também chamada de agricultura 4.0 ou agricultura de precisão, é o uso de tecnologias avançadas para tornar a produção rural mais inteligente, eficiente e sustentável. Ela integra dados, sensores, softwares de gestão, drones, IoT e inteligência artificial para apoiar decisões mais estratégicas no campo.
O principal objetivo é aumentar a produtividade agrícola, reduzir desperdícios, otimizar o uso de insumos e minimizar os impactos ambientais. Tudo isso com base em dados em tempo real, que permitem um controle mais preciso de cada etapa da cadeia produtiva — do plantio à colheita e distribuição.
Entre as tecnologias mais utilizadas na agricultura digital estão:
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Sensores conectados (IoT): monitoram solo, clima e equipamentos agrícolas;
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Big Data e Inteligência Artificial: analisam dados e preveem cenários de produção;
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Drones e imagens de satélite: ajudam no mapeamento e monitoramento das lavouras;
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Sistemas de gestão rural (ERP ou SGA): centralizam informações e automatizam processos operacionais.
Ao integrar essas tecnologias, o produtor rural consegue tomar decisões com mais agilidade e segurança, além de garantir uma produção mais rentável e alinhada às exigências de sustentabilidade do agronegócio moderno.
Quais são os pilares da agricultura digital?
A agricultura digital é baseada em quatro pilares fundamentais que sustentam a transformação tecnológica no campo. Cada um deles contribui para tornar as operações mais inteligentes, produtivas e sustentáveis, por meio da coleta, análise e uso estratégico de dados. Entenda melhor cada um:
1. Coleta de dados em tempo real
Esse é o ponto de partida da agricultura digital. A coleta de dados acontece por meio de sensores instalados em máquinas, solo, estações meteorológicas, drones e imagens de satélite. Esses dispositivos captam informações importantes sobre:
- Umidade e temperatura do solo;
- Previsão e variação climática;
- Estado nutricional das plantas;
- Ocorrência de pragas e doenças;
- Desempenho de máquinas e implementos.
Esses dados permitem um monitoramento contínuo da lavoura, com uma visão precisa e em tempo real das condições do campo, facilitando ações preventivas e ajustes rápidos no manejo agrícola.
2. Análise e interpretação de dados
De nada adianta coletar dados se eles não forem transformados em informação estratégica. Esse é o papel do segundo pilar, que envolve o uso de Big Data, modelos preditivos e Inteligência Artificial no agro para interpretar grandes volumes de dados de forma rápida e inteligente.
A partir dessa análise, o produtor pode:
- Prever variações de produtividade;
- Identificar áreas com desempenho abaixo do ideal;
- Tomar decisões baseadas em evidências;
- Avaliar o retorno de práticas adotadas anteriormente.
Esse pilar torna a tomada de decisão mais segura, personalizada e eficiente, reduzindo erros e aumentando o aproveitamento dos recursos disponíveis.
3. Automação e controle
Com base nos dados coletados e interpretados, a agricultura digital permite automatizar processos no campo — desde o plantio até a colheita. Equipamentos como tratores autônomos, pulverizadores com taxa variável e sistemas de irrigação inteligentes tornam a operação mais precisa e econômica.
A automação ajuda a:
- Aplicar insumos agrícolas exatamente onde e quando são necessários;
- Reduzir o desperdício de água, fertilizantes e defensivos;
- Melhorar a qualidade da lavoura com menos intervenção humana;
- Diminuir custos operacionais e o impacto ambiental.
Esse controle mais apurado favorece uma produção de alta performance, com menor margem de erro e maior previsibilidade.
4. Integração e gestão agrícola
O último pilar é responsável por conectar todas as informações e processos em plataformas de gestão integradas. Esses sistemas funcionam como o cérebro da operação, organizando os dados em dashboards e relatórios que facilitam o planejamento e a análise de resultados.
Com um bom sistema de gestão agrícola, é possível:
- Acompanhar custos por talhão ou cultura;
- Gerenciar estoques de insumos e máquinas;
- Avaliar indicadores de produtividade e rentabilidade;
- Padronizar práticas entre unidades ou regiões diferentes.
Essa visão integrada permite um controle completo da fazenda, com decisões mais estratégicas e alinhadas aos objetivos do negócio.
Esses quatro pilares formam a base da agricultura digital moderna, permitindo que produtores e cooperativas produzam mais com menos, enfrentem os desafios do clima e do mercado, e preparem seus negócios para o futuro da produção de alimentos.
Quais os benefícios da agricultura digital para o produtor rural?
Um estudo conduzido pela Embrapa mostrou que, em território brasileiro, 84% dos agricultores usam, ao menos, uma tecnologia digital em seus processos produtivos. Mas quais são os principais objetivos com essas ferramentas?
- Obtenção de informações e planejamento das atividades da propriedade (67,1%);
- Gestão da propriedade rural (59,7%);
- Compra e venda de insumos, produtos e da produção (52%);
- Mapeamento e planejamento do uso da terra (53,8%);
- Controle de deficiências nutricionais (52%).
Ao observar estes cinco propósitos buscados com a agricultura digital, é possível entender algumas das vantagens da tecnologia para as propriedades rurais:
Aumento de produtividade e mais eficiência no uso de insumos
Amplia-se a precisão de uso de defensivos agrícolas e auxilia em um manejo sustentável de pragas. Todos estes dados permitem mais controle sobre as condições do solo e climáticos, repercutindo positivamente na produtividade.
Mais controle de custos
Com softwares de gestão rural, é possível acompanhar em tempo real os custos de produção e logística e compará-los com o planejado. Muitos processos também podem ser automatizados, reduzindo a necessidade de mão de obra em prol de uma operação mais enxuta e eficiente.
Tomada de decisão baseada em dados
O campo sempre foi visto como uma área intuitiva, na qual a experiência e a subjetividade eram dominantes. Com a agricultura digital propiciando a coleta e análise de dados, os gestores ganham informações quantitativas e qualitativas para prever pragas, identificar doenças e planejar safras.
Melhoria na qualidade dos produtos
Ao controlar as mais diversas variáveis de uma produção agrícola, os agricultores e cooperativas conseguem assegurar produções de mais qualidade com mais segurança. Com isso, obtém ganhos melhores, especialmente em produtos como as commodities agrícolas.
Maior interação com a cadeia produtiva
A digitalização também facilita o contato direto com mercados consumidores e fornecedores, tornando a cadeia produtiva mais integrada e eficiente. Assim, potencializa aspectos relacionados à governança no agronegócio.
Quais os desafios na implementação de tecnologias?
A implementação da agricultura digital exige uma transformação nos processos das propriedades rurais e cooperativas. Apesar dos ganhos claros em produtividade e eficiência, essas mudanças nem sempre são facilmente aceitas por colaboradores e gestores.
A pesquisa da McKinsey, mencionada anteriormente, destaca que a faixa etária dos gestores tem impacto significativo na adesão às tecnologias digitais, com profissionais mais jovens tendendo a adotar mais rapidamente as inovações em comparação com gestores de idade avançada.
Além disso, a agricultura digital demanda investimentos constantes para garantir a funcionalidade dos equipamentos, a segurança dos sistemas e a qualidade na coleta dos dados. Isso pode representar uma barreira para pequenos e médios produtores, que enfrentam limitações financeiras.
Outro desafio importante é a capacitação da equipe. Muitos profissionais precisam passar por treinamentos para aprender a operar as novas tecnologias e interpretar corretamente os dados gerados, garantindo assim o melhor aproveitamento das soluções digitais.
O papel dos ERPs para o agronegócio na tomada de decisão
A IA e a IoT são vistas como revoluções para a agricultura digital, mas exigem sistemas para processar e transformar dados em inteligência. Nesse contexto, os sistemas ERPs para gestão do agronegócio são essenciais para a administração integrada de propriedades e cooperativas.
Essa plataforma é exemplo de tecnologia em gestão do agronegócio, permitindo o controle de finanças no agronegócio, o planejamento de safras, gestão de insumos e análise de produtividade em uma solução única.
Tudo isso, com a possibilidade de cruzar dados de diferentes áreas para obter novos insights. Com essas ferramentas, o produtor pode planejar estratégias de longo prazo e melhorar a rentabilidade do negócio.
Não há como fugir, a agricultura digital é uma realidade que veio para ficar. Supere essas dificuldades com a ferramenta de gestão adequada ao seu agronegócio.