O sistema agrícola brasileiros se divide em dois grandes modelos: o intensivo e o extensivo. Conheça as diferenças e as características.
O Brasil está dividido em dois sistemas agrícolas muito bem caracterizados: a agricultura familiar e a intensiva – composta por grandes volumes de terras focadas em monocultura, em geral as commodities agrícolas, como a soja, o milho e o trigo. Já a agricultura familiar, por outro lado, é composta por produções multicultura em pequenas propriedades.
As terras relacionadas à agricultura familiar contam com até 4 módulos fiscais, um tamanho definido pelo Incra e atualmente regulamentado pela Instrução Especial nº 5/2022. Esta dimensão leva em consideração o tipo de cultura, a renda obtida e outras explorações na área, fazendo com que basicamente cada município tenha uma área própria.
De acordo com o Censo Agropecuário de 2017, há uma lógica invertida entre os sistemas agrícolas. A área de plantio da agricultura intensiva – ou não familiar – é de 77%. No entanto, no número de estabelecimentos, a agricultura familiar responde por 77% do total. Com 23% da área de plantio, este modelo respondia por 50% da produção de café e banana, 80% da mandioca e 42% do feijão.
Apesar do menor tamanho das propriedades, o grupo composto pela agricultura familiar tem relevância importante na economia e na segurança alimentar do país.
O que são sistemas agrícolas e qual a sua importância?
Os sistemas agrícolas englobam diferentes métodos de produção adotados no campo para garantir a eficiência e a sustentabilidade da atividade agropecuária. A escolha do sistema adequado é crucial para a produtividade, a conservação dos recursos naturais e o desenvolvimento econômico das regiões agrícolas.
Cada modelo influencia diretamente a viabilidade financeira dos produtores, afetando desde os custos operacionais até a comercialização dos produtos. Independentemente do sistema adotado, cada modelo desempenha um papel essencial na economia global, abastecendo mercados internos e externos e garantindo a segurança alimentar.
A agricultura intensiva caracteriza-se pelo uso de grandes áreas de terra, com menor densidade de cultivos e menor dependência de insumos externos. Esse modelo é adotado em regiões de baixa densidade populacional, onde a mecanização desempenha um papel fundamental para garantir a produtividade.
Por outro lado, a agricultura extensiva costuma se concentrar em pequenas e médias propriedades, muitas vezes ligadas à agricultura familiar. Esse sistema, por vezes, visa a produção para a subsistência ou operações em menor escala.
Na perspectiva de gestão, ambos os modelos se beneficiam do investimento em tecnologias especializadas voltadas à gestão do agronegócio, otimizando a sua capacidade produtiva e a rentabilidade da produção agrícola.
Os principais tipos de sistemas agrícolas
Os sistemas agrícolas evoluíram ao longo do tempo, pois se adaptaram às necessidades de produção, à disponibilidade de recursos naturais e às demandas do mercado. Atualmente, existem diferentes abordagens para o cultivo e a gestão da produção agrícola, cada uma com características específicas.
Sistemas convencionais e tradicionais
Baseiam-se no uso intensivo de insumos químicos, monocultura e mecanização para maximizar a produtividade. São amplamente utilizados em grandes propriedades e regiões com forte desenvolvimento agroindustrial, com escolhas de culturas que costumam ter forte demanda no mercado externo.
Sistemas sustentáveis
Incluem práticas como a agricultura orgânica, agroecologia e rotação de culturas. Esses métodos visam reduzir impactos ambientais, melhorar a qualidade do solo e oferecer alimentos mais saudáveis ao consumidor. São mais relacionados à agricultura familiar ou extensiva, voltados a abastecer a população ou as localidades mais próximas, como a horticultura.
Sistemas integrados
Modelos como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e os sistemas agroflorestais combinam diferentes atividades agrícolas em uma mesma propriedade. Seu foco está em promover maior equilíbrio ecológico e diversificação da produção de forma estratégica e otimizada.
Quais as vantagens e os desafios de cada modelo?
Cada sistema agrícola apresenta vantagens e desafios que impactam diretamente a sua gestão, a obtenção da produtividade e a economia:
Sistemas convencionais: ao mesmo tempo em que são planejados para oferecer alta produtividade, precisam gerenciar aspectos de degradação do solo, o que pode exigir uma melhor gestão e a dependência de insumos agrícolas origem química ou mineral.
Sistemas sustentáveis: visam promover a conservação do meio ambiente, mas podem apresentar menor rendimento inicial e exigir maior capacitação técnica. Buscam meios de fazer o manejo sustentável de pragas, rotação de culturas de acordo com o clima ou as características do solo, entre outros pontos. Essa grande variedade torna sua administração complexa.
Sistemas integrados: favorecem a diversificação da renda e a resiliência climática, porém também demandam maior planejamento e conhecimento técnico: isso porque podem agregar diferentes tipos produtivos em áreas muitas vezes não tão extensas.
A escolha do sistema agrícola influencia diretamente a economia rural como um todo. Em geral, pequenos e médios produtores podem se beneficiar significativamente da adoção de tecnologias mais acessíveis, como aplicativos de gestão agrícola e sensores de monitoramento, que ajudam a reduzir desperdícios e aumentar a previsibilidade da produção.
Como as propriedades são menores, os aportes são menos representativos para assegurar uma total digitalização da propriedade, em linha com uma agricultura digital. Por outro lado, estes negócios têm mais dificuldade para acessar recursos e obter financiamentos, exigindo uma maior capacidade de administração financeira e um planejamento mais assertivo.
Tecnologia: uma aliada dos sistemas agrícolas
A inteligência artificial no agro possibilita um planejamento mais eficiente de safras e de insumos, melhorando as previsões climáticas e a identificação de pragas. A conectividade e a automação permitem mais controle sobre cada etapa da produção, garantindo uma tomada de decisões mais assertiva e, por vezes, com dados monitorados em tempo real.
Não é à toa que, independentemente do sistema agrícola, é possível melhorar a gestão de insumos, como fertilizantes, defensivos agrícolas e combustível, impactando diretamente os custos operacionais e a lucratividade dos produtores. Torna-se mais simples também alocar recursos em momentos e atividades estratégicas, planejando do plantio à logística, inclusive com a rastreabilidade da produção.
É impossível dissociar o futuro da agricultura da inovação. Todos os perfis de propriedades rurais e de sistemas agrícolas precisam buscar se automatizar de forma estratégica, visando mais previsibilidade e eficiência.
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