Realizar a administração de obras não é uma tarefa fácil! São vários pontos a serem analisados e controlados a todo momento, e é preciso estar atento a qualquer falha ou alteração que comprometa o projeto ou a sua entrega.
Um desses pontos — e que apresenta o maior obstáculo — é, com certeza, a gestão do orçamento. Contudo, a fim de facilitar essa tarefa, é possível basear essa etapa em EAP (Estrutura Analítica de Projetos).
O objetivo deste post é demonstrar como isso pode ser feito, gerando muito mais controle e confiabilidade para a gestão da obra e garantindo que o orçamento se manterá dentro do planejado. Acompanhe!
O que é EAP?
A Estrutura Analítica de Projetos (EAP), também conhecida como Work Breakdown Structure (WBS) em inglês, é uma ferramenta de gerenciamento que organiza o projeto em partes menores e mais gerenciáveis, facilitando o controle e a execução. É amplamente utilizada na construção civil para garantir que todas as etapas e entregas estejam claramente definidas e alinhadas aos objetivos do projeto.
A EAP oferece uma visão hierárquica e estruturada do escopo do projeto, possibilitando que o gerente ou responsável acompanhe cada fase de forma organizada e detalhada. Ela atua como um guia, desde o planejamento até a entrega final, ajudando a identificar tarefas, recursos e prazos de maneira eficiente.
Quais são os pontos de um orçamento baseado em EAP?
Quando o orçamento de uma obra é estruturado com base na EAP (Estrutura Analítica do Projeto), cada etapa do projeto é detalhada em pacotes menores e mais gerenciáveis, o que facilita não só o planejamento financeiro, mas também o controle de gastos ao longo da execução.
Na prática, esse tipo de orçamento se apoia nos mesmos níveis hierárquicos da EAP para organizar os custos de forma lógica e precisa.
Veja os principais pontos que compõem um orçamento baseado em EAP:
1. Pacotes de trabalho detalhados
O orçamento é construído a partir dos pacotes de trabalho definidos na EAP. Cada pacote representa uma entrega específica (como fundação, estrutura, alvenaria ou instalações elétricas), e a estimativa de custo é feita separadamente para cada um. Isso ajuda a identificar exatamente onde estão os maiores investimentos e facilita ajustes, caso haja cortes ou revisões no escopo.
2. Estimativa de custos por nível hierárquico
A EAP permite que o orçamento seja visualizado em diferentes níveis:
- Nível 0: custo total da obra.
- Nível 1: grandes fases (como projeto, execução, acabamento).
- Nível 2 e 3: itens mais específicos (como pintura de fachada ou instalação de esquadrias).
Esse detalhamento garante que o orçamento seja mais preciso e permite o acompanhamento financeiro por etapa da obra.
3. Atribuição de recursos e mão de obra
Com os pacotes definidos, é possível associar a cada um os recursos necessários, como materiais, equipamentos e mão de obra. O que evita estimativas genéricas e possibilita uma alocação realista de custos, especialmente útil para controlar produtividade e desperdício.
4. Códigos de controle e rastreabilidade
Cada item orçamentário recebe um código correspondente à sua posição na EAP, criando um sistema padronizado para rastrear onde cada centavo está sendo investido. Isso facilita a integração com sistemas de gestão e permite acompanhar o custo real de cada entrega da obra em tempo real.
5. Acompanhamento e atualização por pacote
Durante a execução, o orçamento pode ser atualizado com base nos avanços físicos da obra. Como cada pacote de trabalho tem uma previsão orçamentária específica, é possível comparar o previsto x realizado com clareza — e agir rápido em caso de desvios.
Quais os benefícios da EAP na Construção Civil?
A EAP (Estrutura Analítica do Projeto) é uma aliada poderosa no planejamento e controle de obras. Ao dividir o projeto em partes menores e organizadas hierarquicamente, ela facilita o gerenciamento do escopo, do orçamento e dos prazos — além de tornar a comunicação entre equipes muito mais eficiente.
Confira os principais benefícios de usar a EAP na construção civil:
-
Mais controle sobre escopo, prazo e orçamento: A divisão em pacotes de trabalho permite acompanhar entregas específicas, facilitando a previsão de custos e o monitoramento do andamento da obra. Fica mais fácil agir rapidamente quando surgem desvios.
-
Planejamento mais estruturado: A EAP ajuda a organizar cada etapa do projeto antes da execução, o que garante uma visão clara das demandas de recursos, materiais e mão de obra. Isso evita retrabalhos e desperdícios.
-
Melhor comunicação entre as equipes: Com entregas bem definidas e codificadas, todos os envolvidos falam a mesma língua. Isso reduz mal-entendidos, melhora o alinhamento e contribui para a fluidez da execução.
-
Identificação rápida de riscos e problemas: Se algum pacote está atrasado ou acima do custo previsto, a EAP permite localizar o problema com precisão, sem impactar o projeto como um todo, agilizando a tomada de decisões corretivas.
-
Integração com orçamento e cronograma: A estrutura da EAP facilita a vinculação com sistemas de gestão, ERPs e cronogramas de obra. Com isso, é possível acompanhar a evolução física e financeira da obra em tempo real, com base nos códigos de cada pacote.
Como montar uma EAP em obras: passo a passo
Criar uma EAP (Estrutura Analítica do Projeto) eficiente é o primeiro passo para ter mais controle sobre o planejamento, os custos e a execução de uma obra. Ela funciona como um mapa visual que divide o projeto em partes menores, organizadas em níveis hierárquicos, o que facilita o acompanhamento e a gestão do cronograma e dos recursos.
Veja o passo a passo para montar uma EAP na construção civil:
1. Mapeie o escopo completo da obra
Antes de sair desenhando a estrutura, é essencial entender tudo o que será entregue. Isso inclui desde o projeto arquitetônico até os acabamentos finais. Nessa etapa, o ideal é conversar com todos os envolvidos — engenheiros, arquitetos, clientes — para garantir que nenhum item importante fique de fora.
2. Divida o projeto em fases ou grandes blocos
Com o escopo claro, o próximo passo é dividir o projeto em fases principais, que vão compor o nível 1 da EAP. Por exemplo:
- 1.0 Projeto e planejamento
- 2.0 Terraplanagem
- 3.0 Fundação
- 4.0 Estrutura
- 5.0 Instalações elétricas e hidráulicas
- 6.0 Acabamentos
Cada fase representa um bloco de trabalho que poderá ser detalhado nos níveis seguintes.
3. Crie os pacotes de trabalho
Dentro de cada fase, você vai abrir novos níveis de detalhamento, chamados de pacotes de trabalho. Eles são os elementos mais gerenciáveis da EAP — e devem representar entregas reais e mensuráveis. Exemplo:
- 4.0 Estrutura
4.1 Lajes
4.2 Pilares
4.3 Vigas
Aqui vale aplicar a regra dos 100%: todos os pacotes somados devem representar 100% do escopo da fase anterior.
4. Atribua códigos e organize hierarquicamente
Para garantir rastreabilidade e facilitar o uso da EAP no orçamento ou cronograma, cada item precisa ter um código numérico que represente sua posição na estrutura. Quanto mais níveis você criar, mais específicos serão os códigos — mas é importante manter a simplicidade.
Exemplo:
- 6.2.1 – Pintura interna
- 6.2.2 – Pintura externa
5. Valide com a equipe e revise se necessário
Depois de estruturar toda a EAP, valide com os profissionais envolvidos no projeto. A colaboração aqui é essencial: às vezes, um item que parece “completo” pode ter sido simplificado demais ou deixar de contemplar uma etapa importante.
Lembre-se: a EAP pode (e deve) ser ajustada ao longo do projeto, conforme surgem novas demandas ou alterações no escopo.
Boas práticas e regras da EAP
Para que a EAP realmente funcione na construção civil — e não vire só um documento bonito — é essencial seguir algumas boas práticas e regras de estruturação. Elas garantem que a divisão do projeto seja clara, funcional e útil ao longo de toda a obra.
Confira os principais pontos que você deve considerar:
-
Use a regra dos 100%: Cada nível da EAP deve representar 100% do escopo do nível anterior. Ou seja, a soma dos pacotes precisa cobrir tudo o que será entregue — sem sobreposição nem lacunas.
-
Aplique a regra 8/80 sempre que possível: Idealmente, cada pacote de trabalho deve durar entre 8 e 80 horas de esforço. Isso garante que as tarefas não sejam nem detalhadas demais, nem vagas demais, mantendo o equilíbrio entre controle e agilidade.
-
Evite nomes genéricos como “diversos” ou “outros”: Cada pacote deve ter uma entrega clara e mensurável. Termos genéricos dificultam o controle e podem esconder atividades importantes.
-
Não exagere no número de níveis: A EAP deve ser detalhada o suficiente para facilitar o gerenciamento, mas não precisa virar um labirinto. Na prática, 3 a 4 níveis costumam ser mais do que suficientes para a maioria das obras.
-
Conecte a EAP com o cronograma e o orçamento: A estrutura deve servir como base para o planejamento financeiro e o acompanhamento do cronograma. Isso só funciona se os pacotes forem bem definidos e codificados corretamente.
-
Revise e atualize ao longo do projeto: A EAP não precisa ser imutável. À medida que surgem mudanças no escopo ou novas demandas, vale revisar a estrutura. O importante é manter tudo bem documentado e alinhado com a equipe.
-
Aproveite ferramentas digitais: Softwares como MS Project, Trello, Primavera e ERPs especializados para construção permitem construir e acompanhar a EAP de forma mais visual, colaborativa e integrada à gestão da obra.
Por que a EAP é um diferencial na Construção Civil?
A construção civil lida com projetos altamente complexos, onde cada detalhe importa — desde o planejamento inicial até a entrega final da obra. São várias equipes envolvidas, prazos desafiadores, investimentos altos e margens de erro mínimas. Nesse cenário, a EAP (Estrutura Analítica do Projeto) se torna um verdadeiro diferencial competitivo.
Ao organizar o escopo da obra em partes menores, bem definidas e hierarquizadas, a EAP transforma a complexidade do projeto em uma estrutura clara, visual e fácil de gerenciar. O que traz mais previsibilidade, agilidade e controle em todas as etapas da construção.
Quer levar esse nível de controle para os seus projetos? Conheça o ERP para Construção da Senior e descubra como a nossa tecnologia conecta todos os pilares da sua obra — do orçamento à entrega final — com mais eficiência e previsibilidade.