Saiba o que é GRO (Gerenciamento de Riscos Ocupacionais), como fazer e de que forma pode apoiar para um ambiente de trabalho mais saudável e seguro.
Hoje, o Brasil tem um total de 611,9 mil ações trabalhistas ativas envolvendo a ocorrência de acidentes de trabalho. Esse dado alarmante, revelado por uma pesquisa da LBS Advogadas e Advogados, ressalta como é crucial entender o que é GRO e qual sua importância para as organizações.
Mas antes mesmo de considerarmos as implicações financeiras, é essencial priorizar a saúde e a segurança dos trabalhadores. O Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) desempenha um papel fundamental nesse sentido.
Afinal, ele não apenas visa minimizar o impacto de ações trabalhistas nas finanças e na reputação das empresas. Muito mais do que isso: possibilita que as organizações protejam seu ativo mais valioso: as pessoas.
Quer compreender melhor o assunto? Continue lendo e saiba o que é GRO, o que diz a lei sobre esse tema, sua importância e muito mais!
O que é GRO?
GRO significa Gerenciamento de Riscos Ocupacionais e faz parte das normas de Saúde e Segurança do Trabalho (SST). Ele é um conjunto de ações voltadas a identificar, avaliar e prevenir os riscos que podem afetar a saúde e a segurança dos colaboradores no trabalho. Nesse sentido, o principal objetivo do GRO é promover um ambiente laboral seguro e saudável, prevenindo acidentes e doenças ocupacionais.
O que diz a lei sobre GRO?
Além de saber o que é GRO, é importante entender como ele está previsto na legislação trabalhista. O capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) trata “Da Segurança e da Medicina do Trabalho.”
O artigo 155, inciso I, afirma que o órgão de âmbito nacional responsável pela segurança e medicina do trabalho tem o dever de “estabelecer, nos limites de sua competência, normas sobre a aplicação dos preceitos deste Capítulo, especialmente os referidos no art. 200.”
Essas normas são as NRs, conhecidas como Normas Regulamentadoras.
Mas afinal, qual NR fala sobre o GRO?
A Norma Regulamentadora que trata diretamente do GRO é a NR-01 (Disposições Gerais). Em sua última revisão, a NR-01 foi atualizada para incluir a obrigatoriedade do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais, tornando-o um requisito legal para as empresas brasileiras.
Enquanto a NR 1 estabelece as diretrizes gerais para a implementação de práticas preventivas nas empresas, o GRO funciona como um componente operacional dessas diretrizes, estruturando o gerenciamento de riscos de forma prática e efetiva.
De acordo com a NR 1, o GRO deve ser implementado por meio do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). O PGR exige um inventário detalhado de riscos ocupacionais e um plano de ação para mitigá-los.
Essa relação entre a NR 1 e o GRO destaca a importância de mapear e controlar não apenas riscos físicos, químicos e biológicos, mas também os ergonômicos e psicossociais — uma atualização significativa introduzida na norma.
Assim, o GRO operacionaliza as exigências da NR 1, permitindo que as empresas identifiquem, avaliem e controlem os riscos ocupacionais de maneira contínua.
Esse alinhamento garante conformidade lega e promove um ambiente de trabalho mais seguro, preservando a saúde física e mental dos trabalhadores.
Qual a diferença de GRO e PGR?
Embora GRO e PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) sejam termos relacionados, eles têm diferenças fundamentais. O GRO é o conjunto de ações para o gerenciamento de riscos ocupacionais dentro de uma organização.
Já o PGR é um ou mais programas de gerenciamento de risco que faz parte do GRO. Ele detalha os procedimentos e medidas a serem adotados para gerenciar os riscos identificados. O PGR pode ser feito por meio físico ou por sistemas eletrônicos.
Na prática, o PGR precisa ter no mínimo dois documentos: o inventário de riscos ocupacionais e o plano de ação. Mas será que toda empresa precisa fazer o Programa de Gerenciamento de Riscos?
De acordo com a NR-01, são dispensados da elaboração do PGR:
1.8.1 O Microempreendedor Individual – MEI está dispensado de elaborar o PGR.
1.8.4 As microempresas e empresas de pequeno porte, graus de risco 1 e 2, que no levantamento preliminar de perigos não identificarem exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos, em conformidade com a NR9, e declararem as informações digitais na forma do subitem 1.6.1, ficam dispensadas da elaboração do PGR.
Quem deve elaborar o GRO?
A elaboração do GRO conta com a participação ativa dos colaboradores e gestores para garantir que todas as áreas de risco sejam devidamente identificadas e gerenciadas. Entretanto, quem sabe com propriedade o que é GRO são os profissionais qualificados em saúde e segurança do trabalho.
Portanto, são eles que devem compor principalmente a equipe multidisciplinar para contribuir com o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais. Caso a empresa não possua esse setor internamente, pode contratar um fornecedor especializado para este serviço.
Quais são as 3 premissas do GRO?
O Gerenciamento de Riscos Ocupacionais é fundamentado em três premissas essenciais para garantir um local de trabalho seguro e saudável.
1. Eliminar riscos
Uma das principais diretrizes do GRO é a eliminação dos riscos ocupacionais. Isso significa identificar e remover completamente os perigos presentes no ambiente de trabalho, sempre que possível.
Sendo essa a abordagem mais eficaz, confira alguns exemplos de possíveis ações:
- Substituição de materiais perigosos por alternativas seguras;
- Automação de processos substituindo tarefas manuais perigosas;
- Desativação de equipamentos obsoletos que colocam a saúde ou a vida do colaborador em risco.
2. Reduzir riscos
Quando a eliminação completa dos riscos não é possível, a segunda premissa é reduzi-los Assim, diminui-se a probabilidade de ocorrência de acidentes e a severidade das consequências associadas.
Abaixo, verifique alguns exemplos para fazer isso:
- Implementação de barreiras físicas, como proteções em máquinas e equipamentos de proteção individual (EPIs).
- Uso de tecnologia avançada para monitorar e controlar processos perigosos.
- Treinamentos específicos para capacitar os trabalhadores a reconhecer e evitar situações de risco.
3. Controlar riscos
Quando não é possível eliminar ou reduzir riscos, então é necessário controlá-los de maneira contínua. O foco é manter a vigilância constante e implementar medidas preventivas para assegurar que permaneçam dentro de limites seguros.
O controle de riscos envolve ações como:
- Reduzir o tempo de exposição ao risco.
- Desenvolver procedimentos operacionais padrão detalhando práticas seguras de trabalho.
- Implementar sistemas para controlar a exposição, por exemplo sistema de ventilação exaustora.
Essas premissas orientam todo o trabalho da organização relacionado à prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. Continue lendo para saber como fazer o GRO na prática.
Como fazer o GRO?
Cada fase da implementação do GRO é crucial para identificar, avaliar e controlar os riscos ocupacionais. Confira como fazer:
Planejamento
Nesta fase, a empresa define os objetivos, recursos necessários e responsabilidades para o processo. Envolve a elaboração de um cronograma de atividades e a identificação das áreas que requerem atenção prioritária. O planejamento eficiente garante que todas as etapas seguintes sejam executadas de maneira organizada e eficaz.
Identificação de perigos
A segunda etapa abrange a realização de inspeções detalhadas no local de trabalho, entrevistas com funcionários e a análise de documentos e registros de segurança. Essa identificação deve ser abrangente, cobrindo todos os aspectos das operações da empresa.
Avaliação de riscos
Após identificar os perigos, o próximo passo é avaliar os riscos associados a eles. Isso compreende a análise da probabilidade de ocorrência e a severidade das consequências de cada risco identificado. Utilizam-se métodos qualitativos e quantitativos para priorizar os riscos e determinar quais requerem ações imediatas.
Desenvolvimento do PGR
A avaliação de riscos fornece a base para o desenvolvimento de estratégias eficazes de controle, ou seja, para o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Nessa etapa é o momento de incluir planos de ação específicos, responsabilidades e prazos para a execução das medidas.
Implementação das medidas de controle
Depois de elaborado o PGR, é preciso implementar as medidas na prática. Isso pode envolver, por exemplo:
- Instalação de novos equipamentos de segurança;
- Mudanças nos procedimentos operacionais;
- Treinamento dos funcionários.
Monitoramento e revisão
Mas não basta apenas implementar o PGR e esquecê-lo “na gaveta”. O monitoramento contínuo é necessário para certificar que as medidas de controle permaneçam eficazes. Nesse caso, a organização deve fazer a supervisão regular das práticas de segurança, inspeções periódicas e a coleta de feedback dos trabalhadores.
A revisão do PGR deve ser realizada periodicamente para ajustar as estratégias de controle conforme necessário, adaptando-se às mudanças no ambiente de trabalho.
Qual a importância do GRO para sua empresa?
De acordo com um estudo feito pelo Observatório de Saúde e Segurança do Trabalho, a cada 3 horas morre uma pessoa vítima de acidente de trabalho no Brasil.
Nesse sentido, a importância do GRO vai muito além de cumprir uma obrigação legal. Revela um compromisso com a saúde e segurança dos colaboradores, prezando por suas vidas.
Abaixo listamos 5 motivos para implementar o GRO:
- Redução de acidentes e doenças ocupacionais: com a identificação e controle dos riscos, o número de acidentes e doenças ocupacionais tende a diminuir significativamente.
- Conformidade legal: assegura que a empresa esteja em conformidade com as normas de segurança do trabalho, evitando multas e sanções legais.
- Aumento da produtividade: um ambiente de trabalho seguro e saudável reduz o absenteísmo e deixa os colaboradores mais produtivos.
- Melhoria da reputação corporativa: ao demonstrar comprometimento com a saúde e segurança dos funcionários, as empresas são vistas de forma mais positiva por clientes, parceiros, investidores e futuros colaboradores. Leia também: Gestão de Riscos Corporativos: O que é e Como Implementar
- Redução de custos: menos acidentes e doenças resultam em menores custos com rotatividade, treinamento de novos funcionários e passivos trabalhistas.
Por fim, investir no GRO é investir no futuro sustentável da empresa, promovendo um ambiente de trabalho mais seguro e eficiente para todos. Agora que você já sabe o que é GRO e como essa obrigatoriedade é importante para o seu negócio, que tal entender como a Senior pode ajudar a sua empresa na gestão do SESMT?
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