ExpoManagement 2010: O sucesso de uma empresa na gestão de crise #podcast

Crises sempre ocorrerão, independente do cenário, dentro ou fora da empresa. O diferencial de qualquer companhia é a forma como ela prepara suas equipes para superar internamente os desafios de mercado. Abordando essa temática, o chairman e CEO da Renault S.A. e da Nissan Motor Co., Carlos Ghosn, destaca na HSM Expomanagement 2010 que passou por duas grandes crises e, hoje, comemora a superação de ambas formando uma companhia unida e em crescimento.

Ghosn relembra que a primeira crise foi interna, iniciando no começo da década de 90 e atingindo o ápice em 1999. Entre 1990 e 1999, a Nissan estava à beira do colapso, perdendo cerca de 25% de mercado. Segundo o empresário, a empresa sofreu uma redução de quase 23 mil pessoas, 5 fábricas, e centenas de mudanças em processos.

Os executivos da empresa tomaram ações para que a própria empresa saísse da crise. Uma ação importante foi investir nos recursos humanos da própria empresa. Convocaram cerca de 200 profissionais, de gestão de nível intermediário, que definiram a estratégia por meio de ações integradas e equipes multidisciplinares. A empresa buscou junto aos seus colaboradores, gerência e diretoria a solução.

“É muito importante que o empresário, independente do segmento, esteja preparado para as crises setoriais (nem sempre são mundiais) com um plano de ações focados na utilização dos recursos humanos da empresa. É por meio das pessoas que se encontram os principais recursos para sair de uma crise, por isso precisa-se investir em preparação”, ressalta o gerente de Produto ERP, Juarez Santos Moyses.

Segundo Ghosn, o empresário não deve focar energia no que não pode resolver, por ser algo que foge do seu controle. “Muitas vezes deixamos as coisas simples, que dependem de nós, no segundo plano. Passamos a focar em problemas que não dependem de nós, como reclamar dos clientes, do fornecedor e parceiros”, declara.

A empresa ouviu clientes, fornecedores, colaboradores, representantes e, por meio desse trabalho junto aos stakeholders, passou a resolver em projetos os problemas. Nos problemas de produção, por exemplo, tinham pessoas do comercial, financeiro e compras. Cada grupo traria uma solução para o comitê executivo. Com isso, projeto a projeto, os times executaram ações para tirar a empresa da crise. E conseguiram sair em tempo recorde.

A alta direção também se envolveu. Uma vez definidos os projetos, se eles não atingissem as metas em curto prazo, se demitiriam. Para Goshn, num plano como esse são necessárias decisões que nem sempre são populares. O empresário defende que para sair de uma crise, todos devem pensar em processos simples e ter o foco em processos, eliminando as burocracias.

“Um das formas de preparar a empresa para uma crise está em disponibilizar sistemas de informação ágeis e confiáveis, que permitam que as pessoas tomem decisões rápidas para amenizar o impacto de qualquer crise”, ressalta o gerente da Senior.

Ainda sobre crises, o CEO da Nissan lembra que em 2008 enfrentou uma nova crise, mas agora externa, totalmente fora de controle. E a empresa manteve o mesmo foco, olhar para dentro e se fortalecer para passar pelo desafio. A estratégia deu certo e mais uma etapa foi vencida em sinergia interna. O aspecto mais importante na estratégia foi a transparência no que apresentou de projeto para os stakeholders. Todo os planos num nível de clarificação máxima.

Sobre mais essa crise da Nissan, Juarez completa que o trabalho motivacional realizado pela empresa junto aos colaboradores deve acontecer a todo momento, independente de crise ou não, sendo o dia a dia da organização. “Somente assim poderemos aproveitar delas a motivação para que com ações rápidas se saia de uma crise, interna ou externa, de forma segura”, afirma.