PMEs: as protagonistas da economia brasileira
por Cícero Nogueira
As pequenas e médias empresas são a espinha dorsal da economia brasileira. Investindo em tecnologia e beneficiando-se de incentivos do governo para aumentar a competitividade, incrementar os lucros e gerar empregos, elas já alcançam crescimento acima do apresentado por grandes companhias e respondem por 20% do PIB. Em 2012, foram responsáveis pela criação de 90 mil novos empregos, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Na pauta das discussões nos últimos anos, e sob a responsabilidade de serem o motor da economia em 2013, as PMEs, emergentes, estão revolucionando as ações econômicas em todo o país. Fornecedores que atendiam apenas a grandes organizações, agora criam produtos e serviços voltados para este nicho. A Cisco, gigante do setor de redes de comunicação e Telecom, por exemplo, anunciou recentemente sua estratégia de atuação no terreno das “pequenas notáveis”. Para Ana Claudia Plihal, diretora de Commercial da companhia, este é um segmento que demanda de soluções tecnológicas e está mais exigente, principalmente quando o em assunto é de conectividade. “Esse novo cliente tem o benefício da locomoção e da redução de espaço físico, mas exige conexão e precisa acessar voice mail, fazer chamada telefônica e trafegar vídeo com alto desempenho, algo que as soluções baseadas em cloud atendem por completo. Além disso, já explora os benefícios do e-commerce e das redes sociais”, afirma.
Por falar em tecnologia, um movimento interessante tem ocorrido nos últimos tempos: o aumento da automação dos processos administrativos das PMEs. Uma quebra de paradigmas, se considerarmos que há pouco menos de uma década apenas grandes organizações investiam em softwares para gestão, o que lhes garantia mais produtividade, melhor administração de logística e competitividade nas vendas. Uma pesquisa conduzida pela Frost & Sullivan e divulgada em dezembro de 2012 aponta que a grande maioria das pequenas e médias têm planos de investir até 10 mil dólares em soluções para gestão empresarial neste ano.
Nas nuvens
A internet modificou as relações comerciais em todo o mundo e, no Brasil, mercado emergente com visível avanço nos últimos cinco anos, não podia ser diferente. De acordo com a Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), a banda larga fixa está presente em todos os municípios do país e isso, sem dúvidas, tem sua contribuição no processo de incremento tecnológico das corporações. A disseminação de aplicativos que garantem mobilidade a baixo custo também favorece a administração e diminui os limites de tempo e espaço para a tomada de decisão. Os dados que antes eram guardados somente em servidores que, por sua vez, exigiam manutenção cara e complicada, agora podem ser armazenados na nuvem.
As PMEs estão antenadas nisso. Uma pesquisa conduzida pela KS&R, Inc., sob encomenda da IBM, constatou que dois terços das PMEs planejam ou já estão implementando tecnologias baseadas em nuvem para tirar proveito da infraestrutura compartilhada. “A mola propulsora para os próximos anos indubitavelmente é este segmento. Já fizemos várias movimentações dentro da companhia para poder ter um maior nível de investimento focando as pequenas e médias. Sabemos que para os próximos anos mais de 70% dos negócios de tecnologia que serão gerados estão ligados a elas”, diz Cláudio Bessa, gerente de Negócios para América Latina da IBM.
Para Anderson Figueiredo, gerente de Pesquisa e Consultoria da IDC Brasil, a Cloud Computing, contribui diretamente para a competitividade das empresas em crescimento. “O dinheiro que uma empresa emergente investiria em infraestrutura de TI ela economiza para investir em seu negócio”, afirma.
A Harvard Business Review, em 2011, afirmou que 98% das PMEs deve adotar serviços em nuvem até 2015.
Tentando explicar
Para alguns especialistas, o movimento em torno das PMEs se dá como resultado do aumento no poder aquisitivo das classes C e D, que se identificam com os produtos e serviços mais acessíveis, mas também tem explicação cultural: o perfil do empreendedor brasileiro está mudando. “Antes ele abria uma microempresa por não encontrar um emprego. Hoje, a cada três pessoas que iniciam um empreendimento, duas o fazem por uma oportunidade de negócio. Isso muda completamente a característica do empreendedorismo no país e reflete diretamente na qualidade da gestão empresarial, permitindo a entrada desses empreendedores nos mais diversos setores econômicos”, afirma o presidente do Sebrae, Luiz Barretto.
Lição de casa
O Brasil, como se sabe, não é um dos países mais favoráveis ao empreendedorismo. Porém, algumas ações do Estado estão influenciado significativamente o avanço dos pequenos e médios negócios. A desoneração da folha de pagamento para alguns segmentos e a redução de juros bancários, liderada pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal, também tiveram sua participação no crescimento das PMEs em 2012 e, dizem os economistas, serão ações decisivas em 2013. Juntos, os dois maiores bancos públicos concederam a essa fatia do mercado R$ 182,3 bilhões em crédito no ano passado, uma alta de 34,7% em relação a 2011. O sistema bancário privado está se sentindo pressionado e já se movimenta para também diminuir suas taxas. Com mais facilidade de captação de capital de giro, as emergentes podem investir mais, contratar mais e potencializar seus lucros.
Outra ação governamental que merece destaque é o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC PME), que dá acesso a diversos recursos para promover o desenvolvimento empresarial. O Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES) também concede financiamentos especiais.