Entrevista com Elaine Saad, vice-presidente da ABRH-Nacional: A atuação estratégica do RH no processo de inovação das organizações
O termo “RH estratégico” cada vez mais faz parte do vocabulário da maioria das equipes de Recursos Humanos das grandes empresas. Articulada e conhecedora dos propósitos das organizações, a área de gestão de pessoas torna-se estratégica à medida que atua como elo entre a conquista dos objetivos da companhia e de seus colaboradores de forma equilibrada.
A vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Nacional), Elaine Saad, concorda que, mais do que selecionar, recrutar e desenvolver profissionais, cabe à área ser estratégica para saber onde se quer chegar a longo prazo e como agir com suas equipes para que isso seja possível.
Senior: Como o RH pode atuar no processo de inovação das organizações?
Elaine Saad: Trabalhando o desenvolvimento das pessoas. Independente do ramo de atuação, a inovação está muito presente em nosso dia a dia. Hoje, as mudanças são constantes no mundo todo e temos que preparar as pessoas para que elas estejam prontas para essa velocidade que o mundo apresenta. Desde o momento do recrutamento, o RH deve promover o estímulo e o acompanhamento do profissional dentro da organização, para que ele se desenvolva e busque inovação.
Senior: Quais são os métodos indicados para desenvolver a cultura de inovação nos profissionais?
Elaine: É importante preparar os gestores para que possam instruir os funcionários, estimulando, conversando, percebendo se estão lidando bem com o assunto. Muitas vezes, é a partir do próprio gestor que trabalhamos para formar perfis inovadores nos profissionais. O RH também trabalha com treinamento direto com as equipes. O profissional passa por situações nas quais é estimulado a perceber a diferença de resultados quando ele tem um comportamento padrão versus inovador. É estimulado a pensar “fora da caixa”, e aí tem reações diferentes. Apresentamos situações do dia a dia e incentivamos a pensar em soluções inovadoras. Muitas pessoas acabam não inovando porque têm certa aversão ao risco e, quando inovamos, sempre trabalhamos com o risco.
Senior: Quais são os principais desafios para o RH participar estrategicamente dentro das organizações?
Elaine: O engajamento da liderança das organizações é uma das principais dificuldades. O papel estratégico do RH não pode ser uma bandeira defendida somente pelos profissionais da área, senão, corre um enorme risco dos projetos fracassarem. O engajamento dos líderes é essencial para que as ações possam ter começo, meio e fim e obtenham investimentos financeiros. Para o RH atuar efetivamente de forma estratégica e não mais operacional, são necessários investimentos que só serão realizados quando houver comprometimento da diretoria.
Senior: Como você avalia a atuação dos profissionais de RH brasileiros nesta questão?
Elaine: O contexto do RH brasileiro melhorou muito de um ano e meio para cá. Temos conquistado muito espaço e vivenciamos duas fases. Passamos pela fase de conquista, na qual o RH não é mais uma área operacional, é estratégica; e agora vivemos a fase de ocupação deste território no mercado, com mais capacidade, volume e espaço. Nós temos o diferencial competitivo para as organizações: a inovação que vem das pessoas.
Senior: A presença estratégica do RH nas organizações pode ser considerada uma evolução?
Elaine: Eu acredito que daqui para frente não tem mais como não pensar nas pessoas de uma maneira estratégica. Principalmente por conta das gerações que estão chegando e que precisarão se adaptar. Nós temos que fazer com que eles dêem resultados. Daqui em diante nós vamos entrar em uma Era muito forte de programas de relacionamento. O vínculo das pessoas ainda é físico, mas a tendência é que cada vez mais sejam vínculos tecnológicos e, nos próximos 20 anos, o RH vai precisar desenvolver estratégias para instruir esses profissionais. Não tem como o RH voltar a ser operacional.