O brasil é o líder mundial na produção de cana-de-açúcar respondendo por quase a metade do açúcar comercializado globalmente, além dos seus subprodutos, como os biocombustíveis.
No ciclo 2024/2025, o plantio de cana-de-açúcar produziu 676,96 milhões de toneladas. Este é o segundo maior volume colhido na série histórica monitorada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Não é nenhum exagero afirmar que a cana-de-açúcar é uma das culturas mais relevantes do agronegócio brasileiro, sendo fundamental na geração de energia, alimentos e empregos.
O Brasil é o líder mundial na produção da planta, sendo responsável por quase metade do açúcar comercializado globalmente e um dos principais produtores de etanol de fonte renovável. Essa relevância se estende por toda a cadeia produtiva, incluindo a agroindústria, com forte presença na fabricação de açúcar, etanol e bioenergia.
No ciclo 2024/2025, a produção estimada de açúcar foi de 44,1 milhões de toneladas – também foi a segunda maior da safra histórica. Em relação ao etanol, a produção chegou a 37,2 bilhões de litros.
A cultura da cana impulsiona cooperativas, usinas sucroalcooleiras, fornecedores de insumos e tecnologia em quase todas as regiões do país, além de contribuir significativamente para o PIB agrícola e para as exportações. Ou seja, trata-se de uma atividade de grande valor estratégico, não só para o setor agroindustrial, mas também para os compromissos ambientais e energéticos do Brasil.
Quais são as etapas do plantio de cana-de-açúcar?
O sucesso do cultivo da cana-de-açúcar depende de uma série de etapas técnicas que devem ser bem executadas.
1. Preparação do solo
Antes de tudo, é necessário realizar uma análise química e física do solo. Isso permite conhecer seu pH, teor de nutrientes, textura e capacidade de retenção de água. A correção da acidez com calcário e a adubação com fósforo e potássio são comuns, visando criar um ambiente propício para o desenvolvimento das raízes da planta.
Além disso, dentro das propriedades agrícolas, a escolha do tipo de solo é fundamental: os profundos, bem drenados e com boa estrutura física são ideais para o plantio da cana-de-açúcar.
2. Escolha das variedades
A escolha da variedade deve considerar aspectos como produtividade, resistência a pragas e doenças, adaptação ao clima local e longevidade, visto que existem diversas com características específicas para diferentes regiões e condições de cultivo.
3. Plantio
Pode ser feito de forma manual ou mecanizada. Atualmente, até mesmo pela competitividade no mercado internacional, a maioria das grandes propriedades está totalmente conectada, dentro do contexto da agricultura digital. Os cuidados ainda envolvem a profundidade do sulco, o espaçamento entre linhas e a quantidade de mudas, fatores que devem ser ajustados conforme o solo e a variedade.
4. Cuidados pós-plantio
Nesse momento, inicia-se uma fase crucial para garantir o sucesso do cultivo. O manejo integrado de doenças e do solo são práticas essenciais, além da irrigação. É claro que é importante fazer um monitoramento completo para acompanhar o vigor da lavoura.
Os desafios no plantio de cana-de-açúcar
Apesar do potencial produtivo da cana e da liderança do Brasil neste mercado, diversos desafios impactam o desempenho das lavouras. Alguns deles, inclusive, não estão dentro da porteira das propriedades ou cooperativas.
A começar pelas variações climáticas. Trata-se de uma cultura altamente dependente do clima. Irregularidade de chuvas, ondas de calor ou geadas – já que a cultura se espalha por todo o país – podem comprometer tanto a produtividade quanto a qualidade dos produtos. Sistemas de irrigação e um planejamento mais efetivo em relação ao clima minimizam esses riscos.
Em um olhar para dentro da porteira, assim como em outras culturas, as pragas e doenças também são uma preocupação. Nesse contexto, o manejo sustentável de pragas ajuda a proteger de inimigos recorrentes, como o cupim, a ferrugem alaranjada, os nematoides e até a broca da cana.
Na parte econômica, o custo de produção demanda investimentos em insumos agrícolas, maquinário e tecnologia. Esse tripé, associado às boas práticas, auxilia a reduzir desperdícios e melhorar o custo-benefício da operação.
Além disso, apesar da automação da lavoura, há uma demanda elevada de mão de obra qualificada. A escassez de profissionais capacitados na zona rural é um entrave para a adoção de novas tecnologias e a operação de dispositivos agrícolas e sistemas especializados com mais eficiência.
Quais as tecnologias aplicadas no plantio de cana-de-açúcar?
Em um produto do grupo das commodities agrícolas, a tecnologia tem papel determinante para que o agronegócio brasileiro se mantenha competitivo – ainda que o país seja o líder deste mercado. Com isso, a tecnologia ganha corpo sob diversas óticas.
Automação agrícola
Máquinas como plantadoras automáticas, tratores autônomos e colhedoras de alta performance permitem maior velocidade e precisão nas operações agrícolas, otimizando o uso de mão de obra, os riscos envolvidos e as falhas humanas em uma agricultura moderna.
Agricultura de precisão
Essa automação se torna ainda mais efetiva com o uso de sensores de internet das coisas (IoT) e drones no monitoramento contínuo das lavouras. Eles identificam falhas de plantio, áreas com estresse hídrico ou infestações de pragas, facilitando ações corretivas rápidas e precisas.
Inteligência artificial (IA)
Esses dispositivos são ainda mais eficientes com a aplicação de IA. Ao usar grandes volumes de dados com algoritmos inteligentes, a análise em larga escala possibilita prever a produtividade, estimar custos, indicar o melhor momento para plantio e identificar padrões de riscos à lavoura, permitindo iniciativas preventivas.
Sistemas de gestão agrícola
Tudo isso é administrado por soluções especializadas para produtores e cooperativas. Esses sistemas ajudam os produtores a gerenciar todas as etapas do cultivo – inclusive a comercialização. Do planejamento ao controle de estoque de insumos, passando pela gestão de custos, produtividade e rentabilidade, os ERPs agrícolas facilitam a tomada de decisão baseada em dados.
Qual o impacto das práticas sustentáveis nessa cultura?
A sustentabilidade deixou de ser tendência para se tornar uma exigência do mercado – e de alguns clientes, especialmente na exportação. Por isso, no cultivo de cana, algumas práticas sustentáveis trazem benefícios ambientais, econômicos e sociais.
O uso racional da água e manejo de resíduos auxiliam a tornar o sistema de irrigação mais eficiente para reduzir o desperdício hídrico. Já o reaproveitamento de resíduos agrícolas, como a palha e o bagaço da cana, é direcionado à produção de energia ou à compostagem, agregando valor à produção e diminuindo o impacto ambiental, tornando o ciclo produtivo ainda mais eficiente e limpo.
Além disso, no setor sucroenergético, a cana tem um papel importante, sendo um dos principais subsídios para a produção de biocombustíveis.
As tendências e inovações para o futuro do plantio de cana-de-açúcar
O futuro dessa cultura está fortemente ligado à inovação – assim como ocorre no agronegócio em geral. A biotecnologia possibilita o desenvolvimento de novas variedades de plantas mais resistentes a estresses ambientais e pragas, com maior teor de açúcar e produtividade. Ou seja, pode-se aumentar a produtividade e mitigar os riscos, sem necessariamente expandir a área cultivada.
Isso tudo associado ao aumento da conectividade rural, fazendo com que a transformação digital evolua da mesma maneira que está acontecendo em indústrias e no setor logístico. Com esses dados, será mais simples buscar uma agricultura regenerativa, focada na recuperação do solo e em uma produção mais resiliente e sustentável.
Diante dos desafios climáticos, econômicos e operacionais, investir em conhecimento técnico, boas práticas agrícolas e tecnologias de ponta é fundamental para garantir a competitividade do setor e seguir em destaque no cenário internacional
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