Indústria 4.0: os impactos do consumismo e a sua influência na transformação digital

Entenda de uma maneira mais simples e prática, em uma pequena série de artigos o quanto nosso cenário mundial mudou e se tornou cada vez mais volátil, da primeira bomba a vapor até o limiar de uma quinta revolução industrial em que a quarta nem se estabeleceu ainda.

Nossa realidade escancara algumas situações que passam despercebidas por vezes, uma delas é o nosso alto grau de consumismo, desde necessidades básicas como alimentação e celular (ah vai, hoje em dia já se tornou!) até supérfluos como iates e helicópteros. E mais do que a situação em si, não tomamos consciência dos seus reflexos também por mais explícitos que sejam.

Levando o consumismo como norte, a sua influência está diretamente ligada à capacidade de transformação de materiais brutos em objetos que possam sanar esses nossos desejos, e ainda temos que considerar o poder (ou ainda a falta dele) em trabalhar com reaproveitamento de materiais já industrializados, que necessita ser uma tendência à essa altura. E se entrarmos nessa teia, há uma infinidade de relações de causa e efeitos que podemos listar.

Esse contexto traz sem dúvidas um alto impacto nas operações industriais, o alvo que os executivos almejam acertar como snipers é o poder de mesclar sua produção focando em receita e ainda refletir positivamente no meio ambiente. Em suma, as empresas e indústrias deverão se tornar cada vez mais flexíveis e adaptáveis para se manterem no jogo.

Se voltarmos no tempo 1 século, a Ford estava em seu auge da produção em série do modelo T (segunda Revolução Industrial em cena) há poucos anos em operação e a pleno vapor mesmo durante a primeira grande guerra. Operações industriais maiores (acho que não precisa citar as empresas de armas) na América como Harley Davidson e a Indian por exemplo, também seguiam sua produção oferecendo ao exército meios de locomoção robustos, mas ao mesmo tempo atendendo o público que estava fora dessa equação na região de guerra, a demanda existia e crescia exponencialmente.

Já no Brasil, bem, aqui houve uma greve de grandes proporções na indústria e no comércio, então melhor pular essa. A assertividade nos processos produtivos da época era incrível, haja vista que tudo se baseava em energia a vapor basicamente e as formas de medir os resultados era linear, manual e centralizada. O fato é que mesmo com toda essa pompa, a indústria na época perto do que são as operações hoje tinham números sem muita expressão, mas o desafio era o mesmo, novos processos e quebras de paradigmas para suprir o mercado era o leão que precisava ser encarado diariamente.

São momentos diferentes e tecnologias diferentes, claro, mas os grandes nomes da época e de agora tinham as mesmas ambições e a mesma inteligência tática em operacionalizar processos com o menor custo possível já olhando para um horizonte mediano e vendo seus resultados aparecerem de forma bem agressiva.

Obviamente os fabricantes de armas foram, talvez, os que pensaram de forma agressiva demais, a ponto de ser o estopim da malfadada crise de 1929(tá eu sei, tem a liberação desenfreada de crédito e outras exportações também, mas pode ser considerado o “gatilho”, com o perdão do trocadilho). Bolsa quebrando, empresas falindo, empresários se jogando de prédios, não foi um cenário muito acolhedor. Pois bem, o reflexo foi mundial porque os EUA eram os maiores fabricantes e consumidores de matérias primas no momento. Bom, veio o New Deal e em 10 anos eles se recuperaram, mas aí chegou a Segunda Grande Guerra, que beleza não?

A Europa virou um caos novamente (pós Primeira Guerra), claro, e as indústrias por lá novamente não conseguiram evoluir, a não ser a armamentista, principalmente na Alemanha. Bom, as coisas começaram a caminhar para evolução novamente somente após a segunda guerra (como dizem, para fazer omelete o ovo precisa ser quebrado, nesse caso é algo triste de se dizer claro), com a Terceira Revolução Industrial (início em meados da década de 40, influenciada principalmente pelo Plano Marshall, mas para muitos os acontecimentos de impacto foram na década de 60), onde as coisas passaram para o âmbito exponencial e não mais de avanço linear.

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Nesse novo contexto a bola da vez foi a , possibilitando processos automatizados de larga escala, linhas de produção com velocidades incríveis para a época, identificação de problemas de forma mais rápida e aplicação de melhorias assertivas. O processo industrial pautado no conhecimento e na pesquisa caracteriza essa era. A velocidade de aplicação de conhecimento nos processos produtivos é muito mais rápida que poucos anos antes, os reflexos disso são perceptíveis e palpáveis para as operações, se levarmos em consideração a corrida espacial por exemplo isso fica muito evidente.

Essa nova fase industrial não se limita a produtos de pouco valor agregado, como nas revoluções anteriores, pelo contrário, o conhecimento inserido, no qual foram gastos anos de estudos e pesquisas, agregam elevados valores no produto final, mesmo que tenha sido gasto pouca quantidade de matéria-prima.

Percebam que a cada grande fase desta a velocidade produtiva aumenta de forma feroz, os processos produtivos estão cada vez mais ágeis, as métricas mais refinadas e os controles mais assertivos a fim de garantir os melhores resultados de margem e rentabilidade. Claro que isso não é uma máxima, ainda mais quando se fala em Brasil onde sempre se demorava um pouco mais para as novidades chegarem e para a cultura ser quebrada.

Processos operacionais com conceitos de Lean por exemplo, foram criados já no pós-Guerra, mas no Brasil apareceu, de forma adequada e estruturada, somente na década de 80. Empresas brasileiras adotaram para processos de automação somente nessa época também, décadas de 80 e 90, o que deixa claro a questão de velocidade e cultura envolvida na época.

Bom, essa foi a fase com maior longevidade por assim dizer, pois passamos a “viver” a Quarta Revolução industrial há apenas poucos anos, com os movimentos que se iniciaram na Alemanha por volta de 2011, por conta da mesma inquietação que aconteceu em todas as outras: ganhar escala produtiva, minimizar as perdas, maximizar os ganhos e ter controle total do processo (agora em tempo real). A convergência é que as empresas se tornem digitais, e os alemães viram nesse pensamento uma forma de conseguir cumprir esses 4 desejos de forma mais rápida, e o chamaram de Indústria 4.0.

Nos EUA alguns anos depois as gigantes AT&T, Cisco, General Electric, Intel e IBM, vendo o mercado e as possibilidades desse novo conceito criaram o IIC (Industrial Internet Consortium), uma entidade que visa fomentar a Internet Industrial mundo afora. O conceito de internet Industrial aglutina conceitos da Industria 4.0 com alguns outros (IoT (Internet das Coisas), BigData, Analytics, Sistemas Cyber físicos, Inteligência artificial e Manufatura aditiva).

No fim temos duas vertentes que trabalham com os mesmos preceitos e possuem o mesmo foco, conectividade e velocidade de informação a favor dos processos industriais. Entramos nessa dança com a ABII – Associação Brasileira de Internet Industrial, ao qual também faço parte como associado com a Senior Sistemas, nosso target é fomentar a Internet Industrial no Brasil e ajudar a empresa a convergirem para a transformação digital seguindo os preceitos que o IIC prega globalmente.

Produção tecnológica

Um ponto que gosto muito de frisar neste caso da i4.0 é que tudo foi avaliado e previsto com base em tendências e estas podem até suportar previsões, mas não resultados, por mais explícitos que eles sejam. Foi a primeira vez em toda a história industrial que uma revolução foi anunciada antes mesmo de efetivamente acontecer, isso faz com que países como o Brasil penem um pouco mais para viabilizar as coisas, quero dizer é que o famoso “vou esperar eles fazerem, se der certo eu faço” não é o caso agora, mesmo 7 anos depois.

Outro aspecto é que com o encolhimento do globo com a internet a velocidade em que essa nova revolução chegou aqui foi incrível, o que nessa equação toda complicou um pouco mais o cenário para nós. Ter uma rede de comunicação industrial, onde as máquinas estão não mais isoladas em sua operação, mas conectadas com o restante da planta produtiva e até com objetos e unidades externas, gerando uma quantidade enorme de informação útil para ser utilizada em métricas, novos processos, melhorias, etc. não é bem uma novidade, essa conectividade e volume de dados sempre existiu de alguma forma, porém sempre nunca teve a devida atenção.

O intuito é simples, analisar esses dados crítica e profundamente para possibilitar controle em tempo real, antecipação de possíveis quebras ou perda de qualidade com análise preditiva, dar informação para os operadores também que sempre ficaram à margem da operação(sei bem pois já fui operador de retífica CNC e só sabia que tinha que produzir), tudo isso possibilita níveis/ganhos operacionais incríveis e uma velocidade na tomada de decisão espantosa quando aliadas com computação em nuvem, aplicações mobile e wearable, literalmente é possível ter a sua operação na palma das mãos.

À essa altura, com a internet aproximando dramaticamente as nações e aumentando cada vez mais a velocidade e acesso à informação, o cenário no Brasil é muito mais promissor do que nas outras oportunidades, sim mesmo com todo o contexto que dei acima ainda acredito que temos uma oportunidade ímpar(governo fomentando e incentivando, investimentos de todos os lados, acesso à informação abundante, a inquietação do mercado por mudanças).

A cultura ainda é uma barreira, mas não podemos afirmar que vamos demorar anos para que o movimento da Indústria 4.0 chegue até nós, afinal ele já está aqui e o assunto é recorrente em feiras, eventos, blogs e até em projetos industriais já em execução.

Dito isso, o que efetivamente está acontecendo no Brasil? Assunto para a próxima conversa!

O avanço da Indústria 4.0 está diretamente ligado ao comportamento do consumidor moderno — mais exigente, digital e em busca de experiências personalizadas. Entender essa relação é essencial para empresas que desejam se manter competitivas e preparadas para o futuro.

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Eurípedes Fernandes é Product Owner de Gestão Industrial na Senior Sistemas.

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