A Revolução Digital e o mito do desemprego

Como a 4ª revolução industrial vai gerar ainda mais empregos, ao contrário do que se pensa.

Recentemente ministrei uma palestra no CONARH sobre como a tecnologia vai transformar o dia a dia da área de recursos humanos.  E diante do grande interesse resolvi escrever este artigo para compartilhar um pouco destas visões e experiências, que são válidas em qualquer área de atuação e para qualquer tipo de negócio.

Há um crescente temor na sociedade, provocado em grande parte pelo marketing ostensivo de algumas empresas de tecnologia, de que em um futuro breve teremos uma crise de emprego causada pelo avanço tecnológico – sobretudo na área de robótica e inteligência artificial. Frequentemente recebemos em nossa timeline matérias contando que um robô substituiu um médico ou um advogado trazendo assim o problema para muito além do trabalho braçal.

Mas se olharmos para a tecnologia como aliada da humanidade, veremos que esta parceria remonta aos primórdios da nossa civilização. A invenção de tecnologias como a roda por volta de 3.500ac ou o ábaco em 2.700ac deram o primeiro impulso em substituir a força braçal e intelectual humana por ferramentas que realizavam tarefas equivalentes.

Assim sucessivamente durante os séculos novas tecnologias vieram substituindo os humanos em tarefas de baixo valor agregado. Citando alguns exemplos, entregadores de gelo substituídos pelo refrigerador, acendedores de lamparinas de iluminação pública pela energia elétrica e a telefonista pelo telefone discado abrindo espaço para novas profissões, como recentemente os youtubers, pilotos de drones e cientistas de dados.

Particularmente acredito que a revolução digital que estamos vivendo terá o mesmo impacto para humanidade daquele trazido pela revolução industrial, que foi impulsionada pela tecnologia à vapor.  E que, assim como naquela época, as profissões sem valor agregado darão lugar a novas profissões levando novamente a humanidade a um novo patamar.

Para ajudar a sustentar este raciocínio encontrei uma pesquisa publicada pela UNISINOS que traça uma linha comparativa entre os países mais robotizados do mundo e o seu nível de desemprego.

Gráfico da robotização x desemprego.

O gráfico mostra a Coreia do Sul na liderança da robotização com 531 robôs para cada 10.000 habitantes enquanto que o Brasil figura a 37ª posição com 9 robôs para mesma concentração habitacional. Curiosamente a taxa respectiva de desemprego nestes países é de 3,1% na Coréia e 13,7% no Brasil, demonstrando que a relação tecnologia vs desemprego parece ter uma taxa inversamente proporcional, ou seja, a tecnologia estimula o desenvolvimento, que por sua vez estimula o emprego.

Gráfico sobre empregos e consumo.

Além desta pesquisa o instituto mundialmente reconhecido Gartner Group, produziu um documento intitulado “Top 10 Strategic Technology Trends for 2017” e que trouxe uma abordagem mais otimista em relação a esta revolução tecnológica. Na visão do Gartner a tecnologia dará um grande salto nos próximos anos impulsionando a humanidade a atingir um novo patamar, revolucionando a forma como as pessoas se relacionam com o trabalho.

Para mencionar somente algumas das visões, nas predições do Gartner a inteligência artificial, aprendizado e máquina e a computação cognitiva ajudarão as pessoas a serem mais eficientes e produtivas no seu ambiente de trabalho. Na prática isto significa que o tempo gasto na coleta e cruzamento de informações para geração de insights poderá ser dedicado à tomada de decisões cada vez mais rápidas e assertivas.

Na minha apresentação do CONARH trouxe alguns exemplos de como estas tecnologias estão revolucionando o trabalho na área de RH, mas que se aplicam a qualquer outra área de atuação:

Assistentes Virtuais (Chatbots)

Os chatbots ou assistentes virtuais podem ser grandes aliados para atendimento de primeiro nível, como por exemplo: atender dúvidas sobre os mais variados benefícios; orientar colaboradores sobre procedimentos internos; informar colaboradores sobre políticas da empresa.

Big data, Analitycs e Machine Learning

Identificar através de algoritmos aplicados na massa de dados padrões que gerem insights para sustentar a tomada de decisões como: identificar colaboradores com risco de desligamento condicionado a fatores internos e externos; entender desvios comportamentais através de eventos (batidas de ponto, pedidos de adiantamento, absenteísmo, etc.); comparar tendências de remuneração de profissionais com base em seu desempenho histórico.

Computação Cognitiva

Uso de computação cognitiva aplicada a processos de recrutamento e seleção para: traçar perfis comportamentais mais aderentes para as demandas de uma determinada posição; “entrevistar” candidatos analisando no conteúdo produzido por ele, suas características comportamentais; comparar perfis comportamentais desejados para vaga com candidatos adequados em função do seu perfil.

Automação de Processos (BPM)

Uso de automação de processos para ganhar produtividade nas principais demandas do RH, como análise de solicitações de benefícios de terceiros como planos de saúde; coleta, análise e aprovação de informações para alterações cadastrais; controle do processo de geração de matrículas para prestadores de serviços; análise de pedidos de férias.

Confira também: O que é BPM? Business Process Management

Com todo este cenário parece muito claro que fazer parte desta revolução digital, além de garantir a competitividade nos negócios, também cria novas oportunidades de emprego e renda que marcarão uma nova fase do desenvolvimento da humanidade.

Por Carlos Pereira, Gerente de Pesquisa, Arquitetura e Tecnologia na Senior.

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