Mulheres & tecnologia: já é hora de uma revolução de gênero no segmento
Texto: Cristina Teresa Santos
Apesar do primeiro algoritmo especificamente criado para ser implementado em um computador ter sido escrito por uma mulher – as notas criadas por Ada Lovelace entre 1842 e 1843 para calcular funções matemáticas sobre a primeira máquina analítica já feita a levaram a ser reconhecida internacionalmente como a primeira programadora da história e à máquina como primeiro modelo de computador – atualmente mulheres como Sheryl Sandberg, Diretora de Operações do Facebook, Meg Whitman, CEO da HP, Marissa Mayer, CEO do Yahoo! e Ginni Rometty, CEO da IBM, são exceções.
Mesmo em mercados maduros, como os Estados Unidos, o percentual de mulheres trabalhando em tecnologia não ultrapassa os 30%. De acordo com uma pesquisa feita no ano passado entre as maiores empresas do setor no país, a percentagem de mulheres diretamente envolvidas com pesquisa e desenvolvimento é apenas uma fração disso: a maioria trabalha em cargos administrativos – funções que, durante tanto tempo, se convencionou chamar de “trabalho de mulher”.
Muitas empresas começam a tentar mudar este quadro, mas a questão é ainda cultural e começa na infância, quando as famílias classificam computadores como brinquedo de meninos e depois, quando poucas mulheres são incentivadas a cursarem faculdades de matemática, engenharia ou ciência da computação.
QUEM INSPIRA
Uma das melhores formas de aumentar a participação feminina na TI é mostrar quem já está lá fazendo sucesso. O prêmio Computerworld IT Leaders 2016, responsável pela mais conceituada lista e premiação dos melhores executivos de TI do mercado brasileiro, lançou este ano o prêmio Women in Tech. A proposta segue a tendência mundial de valorizar e expor as lideranças femininas em TI para que sirvam de modelo para atrair as novas gerações para a área. Com 28 anos de profissão, a vencedora desta primeira edição foi Ana Lúcia D´Amaral, CIO da Liberty Seguros. Enquanto isso, o programa Microsoft Mulheres em Tecnologia inspira de meninas a mulheres com dicas e cursos on-line para todas as idades: desde o Ensino Básico até Certificações Técnicas, Capacitações e Programas de Empreendedorismo.
“Mesmo em empresas de tecnologia, as mulheres em cargos de liderança trazem formações diversas”, conta a gerente de DHO da Senior, Jussara Dutra, ao retornar do HR TECH 2016, maior evento de Tecnologia voltada a Recursos Humanos do mundo, que acontece anualmente nos EUA. “Precisamos de mais mulheres nos mapas de sucessão das empresas”, conclui a executiva.
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Na Senior, valorizamos a igualdade acima de tudo. Mantemos ao longo dos últimos cinco anos uma média de 35% de mulheres em nosso quadro de colaboradores – percentual acima da média mundial, inclusive, de gigantes do setor, como Google (30% dos funcionários são mulheres), Facebook (31% são mulheres), Apple (30%) e Twitter (30%).
Para a jornalista, escritora e fotógrafa brasileira Cora Rónai – primeira jornalista brasileira a criar um blog, o internETC., ativo desde 2001, e primeira a dedicar-se à fotografia digital como ferramenta de comunicação – o intenso convívio que todos nós, homens e mulheres, temos com os nossos telefones, já começa a mudar esses números. “Pode ser que neles esteja a semente para a real revolução de gênero de que a tecnologia precisa”, afirma Cora em sua coluna “As mulheres e a tecnologia”, publicada no dia oito de março deste ano, Dia Internacional da Mulher.
Pioneira do jornalismo de tecnologia, Cora Rónai lançou em 1987, no Jornal do Brasil, a primeira coluna sobre computação da grande imprensa brasileira. Usuária de computador pessoal desde 1986, seu Fotolog ilustrado com fotos do Rio de Janeiro e de suas viagens chegou a ser o mais visitado do mundo. Sua obra Fala Foto, lançada em 2006 e finalista do Prêmio Jabuti, foi o primeiro livro de fotos de celulares do planeta. Em maio de 2014, foi incluída entre as dez principais inovadoras brasileiras pela ZDNet, uma das mais importantes publicações de tecnologia.
De acordo com a palestrante, professora e consultora nas áreas de marketing digital, inovação e educação Martha Gabriel, as mídias sociais são atualmente o principal canal de comunicação que permeia a cultura. “Por isso, elas têm um papel importantíssimo para ajudar transformar esse cenário, incentivando as mulheres a buscarem mais carreiras de STEM (sigla para Science, Technology, Engineering & Mathematics). Se não fosse pela cultura doméstica de incentivo e respeito que os meus pais e o meu marido propiciaram, valorizando o ser humano e não estereótipos de gênero, eu não teria me desenvolvido nas carreiras que trilhei”, conta Martha em entrevista ao blog Adzuna.
Autora de 5 livros incluindo o best seller “Marketing na era digital”, Martha Gabriel dá dicas de utilização das mídias sociais para ampliar a participação das mulheres na tecnologia em três âmbitos:
Educação – mídias sociais propagam conteúdos e informações sobre a importância do equilíbrio dos gêneros em STEM e no desenvolvimento pessoal, sem estereótipos ou preconceitos, mostrando os benefícios para sociedade e para os indivíduos, pessoalmente.
Comunicação – mídias sociais promovem ações de incentivo para mulheres em STEM, grupos de discussão e grupos de fortalecimento contra preconceitos.
Inspiração/Influência – mídias sociais mostram e propagam casos de mulheres de sucesso na área de STEM, que servem como incentivo para que a nova geração de garotas se interesse por carreiras nesses campos.