Material Requirements Planning, o MRP, é um sistema voltado a planejar a produção de fábricas, auxiliando no cumprimento de prazos e otimização de recursos
A tecnologia e as suas novidades costumam encantar e atrair muitos negócios pelo seu potencial transformador. No entanto, há ferramentas de décadas que continuam a ser muito praticadas, sendo apenas aprimoradas pelas novas ferramentas digitais e suas diversas possibilidades. Neste caso, estamos falando do Material Requirements Planning (MRP), um sistema voltado a planejar a produção.
Sua função primordial é dar assistência para estimar quais materiais e insumos são necessários para atender a uma demanda de produção. Seu propósito é analisar o prazo regular de fornecedores, o estoque disponível e a demanda futura – que pode ser variável por motivos de sazonalidade. Neste artigo, nós explicamos como o MRP se baseia em dados de outros sistemas, caso do BOM e do MPS.
Apesar de ser um tipo de ferramenta já conhecida da indústria há décadas, ela continua em plena expansão. É o que indica um levantamento da consultoria Market Insights: projeta-se um crescimento anual de 7,61% neste tipo de software entre 2024 e 2031, mostrando o seu potencial para o futuro.
Fique conosco para entender mais sobre o MRP no restante deste artigo.
O que é indústria 5.0? Explicamos neste artigo do blog?
A importância de se avaliar todos recursos
O que uma indústria precisa para fabricar os seus produtos?
Um MRP parte desta resposta para planejar tudo o que será necessário para cumprir as demandas de um negócio. Nesse contexto, o MRP leva em conta fatores importantes para o seu planejamento.
Podem ser mencionados:
- Pessoas – Por mais que as fábricas estejam cada vez mais tecnológicas, ainda existem pessoas para fazer a gestão desta cadeia produtiva, seja coletando dados, operando dispositivos ou atuando diretamente no chão de fábrica.
- Materiais e insumos – Neste ponto, o MRP pode considerar tanto uma indústria que opere processos sequenciais, considerando itens que são produzidos anteriormente até a sua versão final de venda. Em outros casos, as fábricas trabalham com insumos adquiridos por fornecedores, que têm prazos de entrega, de antecipação de pedidos, entre outros cuidados.
- Equipamentos – Qual a capacidade produtiva de uma máquina? Estes dados obtidos com a gestão de chão de fábrica, que abordamos neste artigo, permitem fazer previsões sobre os insumos necessários para um pedido ou um período.
Os itens acima podem ser otimizados com o investimento em infraestrutura. O foco principal é conseguir gerenciar os recursos da melhor maneira, coordenando os ativos e as capacidades de um negócio, de acordo com o seu orçamento, metas e prazos.
Parece simples, não é verdade? Imagine, porém, uma fábrica que produz mais de uma dezena de parafusos diferentes. Como calcular a quantidade de ferro necessária? Quais itens são totalmente produzidos e quais dependem de compras prévias com fornecedores? Quantas unidades de cada um deles serão necessárias para o próximo pedido?
É por isso que o MRP precisa estar diretamente conectado ao estoque e às projeções de venda para conseguir ser o mais assertivo possível.
Demanda dependente X demanda independente
Os fatores acima também se relacionam ao que se costuma chamar de demanda dependente ou independente. Mas, aqui, cabe um esclarecimento: demanda pendente é aquela vinculada à produção de componentes ou subprodutos necessários para a construção de um produto final. É uma etapa anterior de se ter o produto acabado. Já a demanda independente trata do produto já acabado.
No primeiro caso, os componentes e os materiais seguem um ciclo produtivo já planejado. Em geral, o processo tem como resultado uma certa quantia de produtos ou de itens. Nesse caso, calcula-se o cronograma a partir disso.
Na demanda independente, por outro lado, os produtos são influenciados pela demanda do cliente. Com isso, as projeções se baseiam no estoque necessário para atender a estes pedidos, considerando os tempos de espera. Portanto, pode haver variação a depender da sazonalidade e do volume de vendas realizadas e/ou estimadas.
Quais setores se beneficiam de um MRP?
Normalmente atribuído ao setor industrial, um MRP também está sendo adaptado para outros segmentos.
Na indústria
As fábricas que mais se beneficiam deste sistema são aquelas com uma ampla gama de produtos. Com itens variados em seu portfólio, torna-se mais complicado planejar e estruturar a produção, os ativos e os insumos necessários para as demandas de diversos produtos.
Também facilita a visualização do estoque de materiais e o planejamento da produção, conforme os planos específicos montados pelo MRP.
Na logística
Em armazéns logísticos, o MRP também pode ser usado para garantir a melhor aplicação de recursos e reduzir gargalos. Basicamente, seu foco está em prever demandas com antecedência e gerenciar pedidos.
Nesse caso, estão desde as entregas diretas quanto as empresas que recebem kits e precisam separá-los e ou montá-los para o consumidor final ou lojas. É o caso do setor moveleiro, por exemplo.
Na administração
Ainda que não tenha um processo industrial, já imaginou a dificuldade de gerenciar estoque e as entradas em um restaurante? Ou mesmo as demandas de insumos de um hospital? Sim, a lógica de um MRP pode ser usada tanto para organizar insumos diretos quanto para materiais que demandam uma pré-produção, assim como ocorre na indústria.
Embora esteja vinculado às fábricas, as demandas, os tipos de produtos e o volume de produção podem ser distintos – conforme o segmento industrial ou outros setores, como mostramos acima. A lógica do MRP pode ser aplicada, portanto, para avaliar pessoas, materiais e insumos e a disponibilidade.
Será o caso do seu negócio se beneficiar disso?
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Integração com o ERP
Muitas pessoas confundem ERP com MRP, nesta sopa de letrinhas das siglas relacionadas à gestão industrial. Em um cenário mais avançado, é importante que as empresas consigam integrar o ERP – que é um sistema de gestão global – ao MRP (e sua visibilidade das demandas para a produção industrial).
Nesse contexto, o MRP é estendido para os demais departamentos empresariais: compras, vendas, marketing, logística e finanças, permitindo a tomada de decisões estratégicas de negócios baseadas nas informações sobre a produção. Ao receber dados atualizados do MRP, o ERP garante uma visualização muito mais eficiente da capacidade produtiva e de seu andamento.
Toda essa possibilidade de otimizar compras, vincular ciclos de produção com a distribuição para melhor gestão de estoques é o que se costuma chamar de MRP II, tema que vamos abordar no próximo artigo do blog.