“Síndrome do estudante” em meio as entregas fiscais.... “Pode isso, Arnaldo”?
Acompanhando há pelo menos 30 anos esse mundo das entregas de declarações fiscais, tenho percebido que o modelo mental dos contabilistas e dos profissionais da área tem mudado muito pouco em relação ao “ritual” de preparação e entrega das declarações fiscais para a Receita Federal.
Bloco K, EFD-Reinf e e-Social têm tirado o sono de muitos profissionais de TI, RH, Contabilidade e Fiscal das empresas.
A cada nova onda de entrega de declaração, muitas empresas, normalmente as mais conservadoras e consideradas “responsáveis ou prudentes” com seus registros fiscais – e parece que são sempre as mesmas -, logo se manifestam e procuram orientação e entendimento do novo que se apresenta, buscando por cursos, seminários e consultorias. Ou seja, tudo para mastigar o assunto e seus impactos na organização.
Na contramão, uma grande parte das empresas ainda, deixa tudo para a última hora, apostando em prorrogações e na boa vontade do governo.
Essa motivação em esperar mais um pouco para “amadurecer” e embarcar quando realmente estiver maduro tem sido, em minha opinião, ocasionada pelas instabilidades e inúmeros ajustes que o governo acaba fazendo nos leiautes e entendimentos, após a publicação da Lei.
Parece-me que essa “síndrome do estudante” tem aumentado com a evolução e a digitalização das entregas fiscais (SPED), pois como tudo passa a ser mais rápido, acredita-se que mais rápido meus problemas também serão resolvidos. A questão é que a velocidade nem sempre é suficiente, dado o tamanho dos problemas encontrados nos processos das empresas. Não é só uma informação ou arquivo, é um processo, é preciso mudar o jeito de trabalhar e fazer as coisas. Isso não é só informática e departamento fiscal.
Nesta “área cinzenta”, onde ficam as mais diferentes empresas e o governo, estão os desenvolvedores de soluções fiscais das empresas (Compliance), que, nos últimos anos, têm desempenhado um papel importante nessa construção, pois são os responsáveis pelo entendimento das demandas do fisco e alinhamento das expectativas dentro das empresas. Ou seja, tem sido cada vez mais parceiros das companhias e do governo neste desafio.
Apesar desse barulho todo, dessas reflexões e ponderações, não tenho dúvida que estamos no caminho certo, rumo à produtividade e otimização das informações fiscais e sociais.
Desde o advento da NF-e até os novos tempos, com o e-Social, muita coisa mudou e não acredito que alguém tenha dúvidas dos benefícios destas ações para as empresas e para a sociedade.
Por Valmir Hammes, Especialista em Legislação na Senior Sistemas.